Os primeiros estudos científicos que mostraram o aborto induzido como fator de aumento de risco para o câncer de mama foram realizados em 1957 (1). Estudos vêm sendo publicados há mais de meio século com alertas sobre essa forte relação. Os estudos mais recentes, feitos nos últimos 10 a 15 anos, em todo o mundo, têm comprovado a consistência desse antigo alerta, que ao que tudo indica, é propositalmente ignorado pelos veículos de comunicação e grandes organizações que têm entre seus clientes, investidores e financiadores, grandes fundações e empresas ligadas à indústria bilionária do aborto.
Estamos no Outubro Rosa e apesar de todas essa bibliografia e histórico de pesquisas científicas ninguém fala sobre o assunto no Brasil.
1. Entenda como funciona
Durante uma gravidez o corpo da mulher passa por alterações extremamente significativas, incluindo obviamente, alterações do desenvolvimento dos seios que deverão estar preparados para amamentação ao final da gravidez.
O aborto não interrompe apenas a gravidez, mas todas essas alterações. A interrupção ocasionada pelo aborto deixa os seios da mulher semi-transformados, consequentemente instável e mais vulnerável.
No processo de maturação da mama, inerente à gestação, aumentam-se os níveis de estrogênio, que estimulam o crescimento. O crescimento se dá pela função de estímulo à divisão celular feita pelo estrogênio. Assim, se ocorrer porventura uma anomalia nesse processo de divisão celular, há o risco de se iniciar um câncer.
O estrogênio juntamente com outros hormônios preparam o corpo da mulher para amamentação, desenvolvendo aglomerados de tecidos mamários conhecidos como lóbulos. Estes hormônios aumentam o número de lóbulos no seio e depois passam por um processo de maturação. Eles desenvolvem-se do seu estado básico, menos estáveis (conhecidos como lóbulos tipo 1 ou tipo 2) até os estados mais maduros, que são mais estáveis (chamados lóbulos tipo 3 e tipo 4).
Os lóbulos mais maduros são significativamente menos propensos a serem causadores de qualquer problema. Mas quando todo o processo da gravidez é interrompido inesperadamente por um aborto, todo este desenvolvimento é também interrompido deixando desestabilizado este processo hormonal e celular. Os lóbulos que ainda estão nos seus estados mais básicos (tipo 1 e 2), e por isso mais instáveis, têm seu desenvolvimento interrompido inesperadamente.
A imagem abaixo ilustra essas fases de maturação durante a primeira gestação.
Na 20ª semana de gestação, por exemplo, a mama passou a ter o dobro do tamanho.
Após a 20ª semana, esses lóbulos tornam-se menos instáveis e menos vulneráveis.
Após a 32ª semana de gestação, os lóbulos se desenvolveram até o tipo 4, já são capazes de produzir leite e seu estágio de maturação protegem a mulher contra o câncer de mama.
Com o nascimento, os módulos tipo 4 passam por um processo de retorno ao tipo 3, mantendo as alterações epigenéticas que protegem a mulher contra o desenvolvimento de câncer de mama.
2. Os estudos epidemiológicos
Em 2014, pelo menos 28 estudos epidemiológicos foram publicados em diversos países do mundo. Em 21 estudos, verificou-se um aumento significativo na ocorrência de câncer de mama em mulheres que fizeram um aborto.
Uma revisão sistemática e metanálise de artigos científicos sobre o assunto foi publicada pela maior cirurgiã especializada em câncer de mama nos Estados Unidos, e uma das mais antigas pesquisadoras sobre o assunto, Dra. Angela Lanfranchi.
Outro importante estudo analisou em profundidade esta relação, e foi publicado na revista “Cancer Causes and Control“, pelo Dr. Yubei Huang e equipe. Trata-se de uma meta-analise que avaliou 36 pesquisas científicas sobre esta relação, na China. Este último estudo aponta que na média geral, pode-se considerar que a experiência do aborto aumenta em 44% o risco de desenvolvimento de câncer de mama.
O estudo verificou que quando a mulher passou por 2 abortos, o risco aumenta para 76%. Nos casos de mulheres que já fizeram três abortos, infelizmente cada vez mais comum nos países onde é legalizado, o risco calculado no estudo foi para 89%.
Vale lembrar e exemplificar, que no Reino Unido, apenas em 2015, conforme dados do governo, 38% dos abortos foram feitos em mulheres que já tinham feito 1 aborto antes. Nos Estados Unidos, em média 40% dos abortos ao ano são feitos por mulheres que já fizeram 1 ou 2 abortos na sua vida.
Outro estudo com significativa abrangência foi publicado em 2007. O estudo analisou registros oficiais de casos de câncer de mama em oito países da Europa: Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda do Norte, República da Irlanda, Suécia, República Checa, Finlândia e Dinamarca. O estudo apresenta, em forma de gráfico, a correlação entre a incidência de câncer de mama e o aumento dos índices de aborto para cada 1000 mulheres, com os dados da Inglaterra e País de Gales, no período de 1998 a 2004.
O gráfico demonstra o crescimento do aborto e de casos de câncer de mama com comportamento extremamente similares.
A estudo apresenta como conclusão final, com base em diversas evidências, que é possível afirmar que o crescimento dos casos de câncer de mama se deve ao aumento do número de abortos. Contudo esse estudo não utilizou-se de históricos de cada paciente. Os estudos citados por Dra Angela Lanfranchi e pelos pesquisadores da China analisou o histórico médico dos pacientes, mostrando-se métodos mais consistentes. O estudo do Reino Unido vem no sentido de confirmar, por outro método, àquilo que dezenas de estudos mais aprofundados já tinham apontado.
3. Estudos científicos vêm respondendo aos críticos
Alguns estudos têm sido publicados criticando a ligação do câncer de mama com o aborto induzido. A tese principal argumenta que os estudos que indicam a relação entre aborto e maior incidência de câncer de mama estaria sofrendo viés porque dentro do grupo de mulheres do ‘grupo de controle’ (mulheres que não tiveram câncer de mama), poderiam haver mulheres que fizeram um aborto mas omitiram essa informação, devido à possível preconceito em torno da questão do aborto. Na hipótese desses autores, os resultados que indicam haver forte relação entre aborto e câncer não seriam suficientemente consistentes.
3.1. Primeiramente, esse viés só poderia acontecer se as mulheres do grupo controle, em todos os estudos (são dezenas), omitissem terem feito abortos e as mulheres do grupo análise, por algum motivo, resolvessem não omitir essa informação. Ou seja, tal especulação não é minimamente razoável. Considerando a grande quantidade de estudos, realizados em tantos locais distintos no mundo, fica a pergunta: qual a probabilidade de que em todos os estudos, somente as mulheres do ‘grupo controle’ resolvessem omitir terem feito um aborto? Por que as mulheres do grupo análise não omitiram a informação ? É completamente surreal essa hipótese.
Ademais, os 36 estudos feitos na China e os 14 estudos feitos na Índia teriam baixíssimas chances de sofrer com esse viés. Isso porque na China praticamente não existe mais nenhum pudor para se falar em abortos, já que a prática é amplamente difundida.
3.2. Também cabe considerar, que não existe uma indústria milionária anti-aborto. Indivíduos e organizações com orientação pró-vida não contam com financiamento de fundações milionárias, ao contrário do que ocorre com grupos pró-aborto, em todo o mundo.
3.3. Alguns partidários da defesa do aborto tentam argumentar que o ativismo pró-vida, apesar de desprovido de qualquer financiamento internacional, conta com o fervor de seus militantes pela defesa da vida. Contudo, vale considerar: a defesa da vida e a oposição ao aborto se dão pelo fato de que a vida inicia na concepção. Se porventura, hipoteticamente, algum estudo comprovasse de forma consistente, que todas essas dezenas de evidências científicas sobre a relação entre câncer de mama e aborto não procedem, ainda assim, nenhum ativista pró-vida precisaria mudar de opinião; pois seu posicionamento é defender a vida iniciada na concepção. Já, por outro lado, se um ativista pró-escolha tiver que admitir que o aborto traz tamanho malefício para as mulheres, sua posição de defesa do aborto fica seriamente comprometida. Talvez haja necessidade de mudar de ideia e não mais defender o aborto. Isso explica a relutância em aceitar esses estudos.
3.3. O National Cancer Institute, nos EUA, juntamente com algumas outras organizações médicas dizem que o aborto induzido “não pode ser relacionado ao aumento de risco de câncer de mama”. Curiosamente, dizem isso fundamentando-se em um simpósio que foi organizado em 2003. Trata-se do Workshop on Early Reproductive Events and Breast Cancer Risks. A opinião e conclusão que chegaram nesse evento foi de que não haveria evidências suficientes para que seja considerado um fator de risco e que não há motivos para que sejam feitos mais estudos sobre essa correlação. Contudo, o evento contou com a presença de 100 cientistas e nenhum cientista que tem defende haver uma relação entre câncer de mama e aborto foi chamado para falar no evento. Tratou-se de um debate com membros selecionados para que não houvesse discordância nesse aspecto.
Contraditoriamente, a Associação Americana de Médicos alerta que as mulheres devem ter o direito de saber sobre todos os alertas que a comunidade científica tem feito, antes de tomar sua decisão sobre qualquer procedimento médico.
4. A maior evidência para ligação do câncer de mama e aborto: estudos feitos na Índia
Não bastasse as fortes evidências dos estudos produzidos na Europa e China, um estudo realizado na Índia parece trazer ainda mais elementos para indicar a correlação.
Isso porque neste vasto país, com mais de 1 bilhão de habitantes, o câncer de mama apresenta-se na população geral com baixos índices. Especialistas explicam que um dos fatores que pode explicar os baixos índices de câncer de mama na Índia é o fato de que as mulheres se casam e têm filhos mais cedo do que a média de outros países, e a amamentação é um fator positivo que diminui os riscos do desenvolvimento de câncer de mama (a constatação sobre a redução do risco de câncer devido à amamentação não traz polêmica entre os médicos. Trata-se de uma questão ‘pacificada’).
É nesse cenário da Índia fica ainda mais fácil verificar a diferença entre os riscos de desenvolvimento de câncer de mama.
São diversos estudos que apontam haver fortes indícios de ligação da experiência do aborto com o aumento no risco do câncer de mama. O LifeSiteNews analisou 14 estudos científicos sobre o tema e verificou que, na média geral, os estudos apontam que a experiência do aborto pode aumentar em 439% o risco de câncer de mama.
Em vista disso, analisei individualmente, 12 dos 14 estudos citados no LifeSiteNews, buscando diretamente em cada artigo avaliar sua consistência metodológica, sua qualidade, representatividade, e claro, conferindo se efetivamente essas foram as conclusões tiradas em suas pesquisas. Com isso, montei o resumo abaixo, em forma de tabela, onde trago algumas informações básicas destes estudos e os links para quem desejar lê-los na sua íntegra e contribuir no debate em torno da questão. Estão todos em inglês.
N | Publicado por / Instituição / Revista / Grupo e Ano da publicação e Link | Região | Grupo controle | Grupo análise | Aumento de risco apurado |
1 | Department of Surgery and Radiology, University College of Medical Sciences & GTB Hospital, Delhi, India (2011) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22830135 | N.Kaur | 123 | 115 |
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2 | Journal of Ayub Med Coll. (2011) Oncology clinic – Hospital of Karachi, Pakistan http://medind.nic.in/jav/t11/i4/javt11i4p163.pdf | Paquistão | 224 | 224 |
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3 | Indian Journal of Cancer(2011) http://www.indianjcancer.com/text.asp?2011/48/3/303/84928 | Bhopal (MP) India | 215 | 215 |
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4 | Wolrd Journal of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences -2014 http://www.wjpps.com/wjpps_controller/abstract_id/1454 | West Bengal – India | 127 | 108 |
|
5 | Radiotherapy and Medicine, JIPMER (Hospital especializado) – 2013 http://www.indianjcancer.com/article.asp?issn=0019-509X;year=2013;volume=50;issue=1;spage=65;epage=70;aulast=Balasubramaniam | 152 | 152 |
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6 | Hospital Aurangabad, Maharashtra, India – 2014 http://www.ibimapublishing.com/journals/ENDO/2014/872124/872124.pdf | U.Talkalar – India | 220 | 220 |
|
7 | Cancer Epidemiology – The International Journal of Cancer Epidemiology, Detection and Prevention (ELSEVIER) – 2010 http://www.issues4life.org/pdfs/20100226_prolonged.pdf | Sri lanka – India | 203 | 100 |
|
8 | J Dhaka Medicine College – 2013. http://www.banglajol.info/index.php/JDMC/article/viewFile/15628/11078 | Bangladesh – India | 262 | 262 |
|
9 | New Delhi Hospital, Departments of Surgery/Surgical Oncology – 2013 – http://www.indianjcancer.com/text.asp?2013/50/4/316/123606 | A.S. Bhadoria | 320 | 320 |
|
10 | Indian J. Prev. Soc. Med. Vol 39. – 2008 medind.nic.in/ibl/t08/i1/iblt08i1p71.pdf | M. Rai | 65 | 65 |
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11 | Department of Surgical Oncology, GKNM Hospital, Coimbatore-641037, India. 2012 http://indianjournals.com/ijor.aspx?target=ijor:ajrssh&volume=2&issue=3&article=002 | K.S. Santhy | 200 | 200 |
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12 | Indian Journal of Community Medicine – 2013 | R. Kamath | 94 | 94 |
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No Globalismo não se aceita nenhuma crítica ao aborto
Nos Estados Unidos, em apenas 8 estados existem leis que exigem que as mulheres sejam alertadas, antes de decidir fazer um aborto, sobre a existência de estudos que apontam haver um aumento no risco de câncer de mama após o aborto.
As pressões políticas e comerciais contribuem fortemente para que o tema não seja falado e não se alerte sobre esse risco. Uma agente importante no debate é a Fundação Susan G. Komen, que atua em campanhas de prevenção e conscientização ao câncer de mama nos EUA. A fundação tem como fundadora Nancy Brinker, que foi membro do conselho da Planned Parenthood. Atualmente, o site da Fundação Susan G. Komen mostra que mantêm seu trabalho graças aos parceiros: Fundação Ford e Bank of America. Sobre a ligação da Fundação Ford com a causa abortista creio ser desnecessário falar, tamanha abundância de citações, evidências e projetos de expansão ao acesso ao aborto no mundo todo, que são subsidiados com investimento da Fundação Ford. Sobre o Bank of America, a instituição financeira contribui para pelo menos 16 organizações pró-aborto nos Estados Unidos.
Quando o assunto é aborto, no discurso globalista, nenhuma crítica pode ser levantada. Para sustentar a ideia do direito ao aborto os seus partidários não aceitam que seja imputada nenhum ponto negativo da prática do aborto, como se fosse um ato genuinamente bom e benéfico e que só traz benefícios.
Leia também: Máquina de fazer dinheiro: a indústria milionária do aborto
Fontes e informações:
1. Segi M, e outros. An epidemiological study on cancer in Japan. GANN. 1957; 48: 1-63.
3.LifeSiteNews – Meta Analysis of 36 Chinese studies shows abortion increases breast cancer
4. Angela Lanfranchi, M.D., FACS, and Patrick Fagan, Ph.D, “Breast Cancer and Induced Abortion: A Comprehensive Review of Breast Development and Pathophysiology, the Epidemiologic Literature, and Proposal for Creation of Databanks to Elucidate All Breast Cancer Risk Factors”
Disponível em PubMed http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25189012 e em: http://www.bcpinstitute.org/papers/ILM_Vol%2029_No1_1-133.pdf
5. P. Carroll, “The Breast Cancer Epidemic: Modeling and Forecasts Based on Abortion and Other Risk Factors” Journal of American Physicians and Surgeons (2007) http://www.jpands.org/vol12no3/carroll.pdf
6. Site AfterAbortion.org: risco relacionado ao aborto
8. Cancro de mama – artigo – aborto.com.br
9. [um dos estudo que tentou criticar a ligação entre aborto e câncer de mama] Obstet Gynecol Surv. 1998 Nov;53(11):708-14. The alleged association between induced abortion and risk of breast cancer: biology or bias?