Muitos já ouviram falar em globalismo, comunismo, socialismo e liberalismo. Outros ainda, em neoliberalismo, marxismo cultural, entre tantos outros rótulos. Mas a que eles se referem? É possível resumir e explicar tudo de maneira didática para que possamos nos orientar nesse caos? Onde a Igreja entra nisso tudo e qual o futuro dela?
Diante dos fatos atuais, como podemos compreender a postura da Igreja Católica no debate intelectual moderno? Vamos tentar tocar no ponto central da coisa: o projeto da modernidade e seus inimigos.
De uma maneira geral, resumida e esquemática, a história das ideologias modernas está profundamente ligada com a relação das ideias sobre o conceito de modernidade, um projeto de mundo — ou podemos chamar cosmovisão — que se consolidou entre os séculos XVII e XIX com o Iluminismo, após a Reforma Protestante, diante dos efeitos da Revolução Industrial e de uma percepção de avanço das ciências. A chamada modernidade foi o resultado da percepção — ou falsa impressão — por parte de intelectuais, de uma ampliação dos meios de ação humanos diante de Deus. Em ourtas palavras, se na Idade Média o homem era visto como conduzido pela vontade divina, o Iluminismo trouxe uma nova ideia: a de que o homem poderia ser conduzido por ele mesmo, isto é, pela sua consciência. Nasce daí o culto à liberdade individual, expresso na política pelo chamado liberalismo.
Para entender melhor o modo mental dos iluministas, é preciso salientar a sua profunda inconformidade com a Igreja Católica, que havia conduzido a humanidade desde o fim do Império Romano, dando origem à civilização cristã. A Igreja havia libertado o homem das opressões da idolatria e do paganismo, dando a ele a possibilidade de finalmente pensar por si mesmo e desenvolver cidades, ciências e tecnologia. Alçado à posição de um pequeno deus, o intelectual moderno começou a sonhar com a libertação do próprio jugo divino, em uma espécie de revolução pautada pelo orgulho, pecado capital.