Recentemente, a notícia de um esquema de pagamentos por textos favoráveis a Putin em sites brasileiros e argentinos, descoberto por um jornalista da revista Crusoé, confirma os alertas que têm sido feitos neste Instituto Estudos Nacionais há alguns anos. No entanto, para além do mero fator financeiro, acessório para o Kremlin, há todo um esquema ideológico de cooptação que vem sendo construído há décadas, sobre o qual o Instituto já ofereceu, mais de uma vez, explicações aprofundadas. Mais do que isso, chegamos a oferecer um curso sobre isso. Agora, esse curso está de volta e com novidades.
As raízes do fenômeno
A direita mundial acostumou-se a criticar e combater o globalismo, ideologia que nasceu da combinação do marxismo, da psicanálise e dos estudos culturais ao longo século XX, como forma de corroer as bases espirituais do Ocidente para a implantação de suas utopias revolucionárias.
Esse projeto começou com as operações de subversão soviéticas até a construção de organismos internacionais no próprio Ocidente, como a ONU, Unesco etc. Seus produtos, oriundos dessa expansão do marxismo soviético adaptado aos países democráticos, foram o ambientalismo, o identitarismo (cultura woke), a teologia da libertação, o movimento new age etc. Com esses instrumentos, o processo da Revolução conseguiu enfraquecer as defesas e esvaziar espiritualmente os países ocidentais. Agora, a Rússia pode oferecer a solução para o problema que criou.
As camadas do problema
A ideologia eurasiana da Rússia faz parte de uma nova grande síntese proposta principalmente pelo ideólogo Alexander Dugin, baseado nas ideias políticas de Martin Heidegger e de toda um amálgama espiritualista subterrâneo desenvolvido na Europa ao longo do século XX. Este movimento tem seduzido grande parte de conservadores, cristãos de maneira geral, e até católico tradicionalistas. Por trás dessa ideologia heideggeriana, porém, há o espiritualismo perenialista, uma nem tão nova gnose política trazida principalmente por nomes como René Guénon, Fritjoff Schuon e seus repetidores.
Portanto, por baixo da síntese política revolucionária está uma síntese espiritualista, que tem como base a crença na existência de uma tradição primordial, da qual todas as grandes tradições religiosas seriam devedoras e seriam versões imperfeitas. Isso leva a um novo indiferentismo religioso, não mais no sentido de uma crença relativista moral, como vimos no século XX, mas um relativismo religioso a partir do qual a solução para o mundo estaria em qualquer religião, desde que seja tradicional. Isso explica o fenômeno de uma aproximação entre movimentos de direita e o islã, na Europa.
Necessidade urgente
Compreender com profundidade essa nova sínteses é necessário não apenas para entender o que se passa no mundo, mas para não cometer os erros das atuais análises geopolíticas que se baseiam unicamente nas notícias diárias. Os grupos e movimentos que possuem grandes debates internos e discussões intelectuais aprofundadas e por longo espaço de tempo, serão sempre aqueles que darão as cartas e, ao final, terão a explicação decisiva dos fenômenos globais, ainda que essas explicações tenham apenas a função de fazer avançar suas agendas. Essa percepção é fundamental para se compreender a necessidade urgente de estudar tudo quanto esses grupos têm proposto e pensado sobre o mundo, seus erros e perigos para as almas daqueles católicos e conservadores que muitas vezes se veem desorientados e, não raro, sedentos por soluções políticas. Estes são o público-alvo ideal da Revolução e de suas ilusões.
Em uma palavra dita em um dos Encontros Evolianos, no Brasil, Alexander Dugin deixou escapar a verdadeira natureza do seu projeto russo ao fazer um chamado: “todos os que estão revoltados contra alguma coisa estão do nosso lado”. Em outras palavras, a assinatura do movimento russo atual é a ampliação de uma rebelião metafísica de grandes proporções.
O curso Raízes Espirituais do Globalismo e Eurasianismo volta para esclarecer mais sobre esse movimento, apontando principalmente a perfeita confluência e identidade entre essas duas faces da mesma moeda revolucionária e como elas atuam em grande colaboração.