Muito se fala em educação católica nos dias de hoje. Afinal, o estado lamentável da educação tem levado muitos ao verdadeiro desespero em relação ao destino eterno das almas de seus filhos. Ao menos esta deve ser a preocupação natural de pais e professores diante do tipo de ensino a que as crianças têm sido expostas na atualidade, sobre a qual seria perda de tempo, aqui, nos ocuparmos. Existem soluções propostas para todos os gostos, desde a educação católica clássica, inspirada no consagrado ensino dos jesuítas, passando pela opção humanista do ensino cristão. Do ponto de vista da educação formal e moral, há a educação clássica, que promete dar aos alunos uma formação clássica do imaginário baseada nas tradicionais artes liberais.
No entanto, nenhuma dessas opções listadas possui a capacidade de inserir as crianças numa cosmovisão católica que o torne imune aos erros modernos. Em comum, essas abordagens possuem um alinhamento com o humanismo renascentista, que introduziu no seio da educação primária e secundária os males que já haviam sido iniciados com a decadência da Universidade. Um desses males é o molde pagão na educação, como denunciou o célebre Monsenhor Joseph Gaume, no livro Verme Roedor ou o Paganismo na Educação, que demonstra como a alma dos jovens foi sendo amoldada a uma instrução de cunho pagão que formou (ou deformou) suas almas para dar início ao que conhecemos hoje como o homem moderno, avesso à religião ou, ao menos, indiferente a ela mesmo quando a pratica.
A pretexto de recuperar o ensino clássico, algumas iniciativas dizem se inspirar na Escola Platônica, mas embora se utilizem dos clássicos da mitologia, como fazia Platão, o fazem dentro de um programa muito mais associado à formação retórica e oratória, típica dos sofistas. Este tipo de educação acabou legando para a modernidade uma certa separação entre a realidade espiritual e as ciências e as artes, levando a um afastamento da cosmovisão cristã na infância e adolescência, o que explica o progressivo afastamento da religião.
Essa separação vem com a recuperação do dualismo pagão da antiguidade grega pelos humanistas, que se preocupavam muito mais com a beleza das artes e da oratória do que com a devoção de uma vida pela verdade, como prenunciava a academia platônica, ou por Deus e pela Igreja, como reeditaram os monges medievais. A maior crítica dos humanistas aos medievais não era tanto de cunho filosófico, embora tenha pesado fortemente o advento do nominalismo, mas a qualidade do latim e a pouca importância que davam aos poetas gregos e romanos. Os monges se importavam mais com a teologia, naturalmente. Já os humanistas, tudo o que importava era a linguagem e a beleza das formas, o mais à parte da religião quanto possível.
Isso criou um fosso entre os católicos e a própria cosmovisão católica, sendo, em geral, algo de difícil recuperação. Afinal, hoje a grande maioria das pessoas vê a educação como uma dimensão separada da religião. Isso se deve exatamente a uma falsa imagem do homem criada no Renascimento, que parte de uma fragmentação. Parece difícil recuperar isso sem uma definitiva intervenção divina por meio de graças especiais. Mas não é impossível, tendo muito o que fazer aos pais e professores que se preocupam com a questão.
Há no Brasil e no mundo iniciativas que têm obtido sucesso na tarefa de formar crianças e jovens dentro da via da santidade, com valor devido à preservação da inocência diante da malícia do mundo, o que ao contrário do que preconiza a visão mundana, não torna ninguém ingênuo ou facilmente enganado, mas muito pelo contrário.
Pensando nisso, o Instituto Estudos Nacionais está oferecendo o curso A educação católica, com um histórico do problema, as soluções dadas ao longo do tempo, além de boas dicas de como construir um programa de estudos que dê às crianças.