O estudo revisado por pares, publicado em maio de 2023, analisou 1.000 mulheres de 41 a 45 anos e viu que apenas 33% considerou o aborto como “desejado e consistente com seus valores e preferências“. As outras, descreveram o aborto como contrário a seus valores e preferências.
A informação corrobora estudo anterior que indicou que 60% das mulheres relatavam níveis elevados a moderados de pressão para concordar com um aborto. Apenas 5% delas, tinha dito que sentiam pouca ou nenhuma pressão para optar pelo aborto.
Amostra nacional e representativa contrapõe amostras tendenciosas de estudos favoráveis ao aborto
A amostragem do estudo mais recente é representativa e foi obtida nos Estados Unidos, onde o aborto é considerado legal e acessível. Por outro lado, há estudos que são amplamente usados em favor do lobby pelo aborto legal, que apresentam vieses na sua amostragem, como comenta o especialista David Reardon.
No site AfterAbortion, o renomado pesquisador explica que:
“Quando o pessoal das clínicas de aborto convida mulheres para participarem pesquisas, está bem estabelecido que as mulheres que esperam ter os sentimentos mais negativos são as menos propensas a concordar” com a pesquisa, disse Reardon.
E continua:
“É por isso que o estudo Turnaway, infame e impreciso, teve apenas uma taxa de participação de 31%. Provavelmente excluiu a grande maioria das mulheres cujos abortos foram indesejados ou coagidos, o que é uma das razões pelas quais as suas histórias raramente são contadas.”
O estudo Turnway é apontado muitas vezes por defensores do acesso ao aborto, como sendo uma pesquisa que afasta a ideia de que o aborto cause transtornos psicológicos para as mulheres. Ou seja, o estudo em favor da agenda deles, na verdade, estaria enviesado, conforme destacou David Reardon.
“Precisamos de abandonar a perigosa suposição de que a ‘liberdade de escolha’ reflecte a realidade por detrás das experiências da maioria das mulheres com o aborto”, disse Reardon, “Apenas uma minoria dos abortos é livremente escolhida para satisfazer as próprias necessidades e preferências da mulher”.
Essas pesquisas confirmam o que vem sendo demonstrado na temática dos abortos forçados. Nos EUA, há diversos relatos e chegou-se a criar um site chamado The Unchoice (theunchoice.com), para documentar inúmeros casos e estudos nessa linha.
No Brasil, foi publicado o livro “Abortos forçados – como a legalização do aborto tira das mulheres” seus direitos reprodutivos, pela editora Estudos Nacionais, de autoria da doutora Lenise Garcia e Marlon Derosa. A obra analisa diversas pesquisas nacionais e internacionais, além de relatos de mulheres que confirmam terem sido vítimas de pressão direta ou indireta para cometerem o aborto. O aborto forçado é uma realidade inegável, tanto é que é prevista no Código Penal brasileiro. Apesar disso, é muito difícil mapear ele mesmo no contexto de aborto legalizado amplamente, como mostram as pesquisas americanas.
O problema acontece, aparentemente, em maior incidência onde o aborto é mais acessível, por razões óbvias. Sempre que o aborto é forçado de algum modo, diretamente ou implicitamente forçado, os danos psicológicos para as mulheres podem ser ainda maiores.
Referências
Reardon DC, Rafferty KA, Longbons T. The effects of abortion decision rightness and decision type on women’s satisfaction and mental health. Cureus, 2023 May 11; 15(5): e38882. doi:10.7759/cureus.38882
Reardon DC, Longbons T. Effects of pressure to abort on women’s emotional responses and mental health. Cureus, 2023 Jan 31; 15(1): e34456. doi:10.7759/cureus.34456