Na busca de compreender o fenômeno neofascista da atualidade, não podemos deixar de fora as observações de escritores e historiadores que se aprofundaram no tema. O neofascismo, como filho dos antigos fascismos, é também um resultado de uma série de crises, sejam elas políticas, econômicas, psicológicas e morais. Anthony James Gregory foi um dos mais proeminentes estudiosos do fascismo, embora defensor de uma forma nova da ideologia. Ele acertou ao diagnosticar que o problema fascista possui tantas definições e interpretações diversificadas que o torna quase como um beco sem saída. No entanto, em uma análise publicada em 1997, Gregory conclui que o fascismo é um resultado do abandono de Marx e Engels por parte dos marxistas, ainda que seja uma das muitas correntes marxistas. Em sua obra As Faces de Janus: Marxismo e Fascismo no Século XX, Gregory demonstra as ligações íntimas entre marxismo e fascismo ao longo do século XX. Os debates sobre a natureza ideológica do nazismo se tornam claros quando compreendemos essa ligação complexa. Com um significado ambíguo e muitas vezes confuso, o termo fascista tem sido utilizado pela esquerda para classificar quaisquer tipos de ideologias conservadoras. No entanto, a natureza revolucionária do fascismo é, muita vezes, deixada de lado e até mesmo interpretado como “contra-revolucionário”. Mas essa é a típica interpretação da esquerda cultural e identitária, cujas rotulações apenas se referem às suas revoluções subjetivas e oposições programáticas. O livro de Gregory, porém, investiga o conceito através da definição de totalitarismo, um tema presente em ambas as ideologias e que remonta à mentalidade revolucionária no seu ultranacionalismo típico da modernidade. É dessa forma que Gregory identifica como fenômeno tipicamente fascista a China maoísta, o que afastaria a tese do “fascismo de direita”.
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