Um dos mais influentes intelectuais da esquerda mundial é o italiano Antônio Gramsci, militante do partido comunista, que foi preso no regime de Mussolini e escreveu, no cárcere, seus Cadernos, verdadeiros manuais de militância e atuação revolucionária usados hoje no mundo todo. No Brasil, suas ideias foram profundamente utilizadas pela esquerda desde o regime militar e encarnaram-se no Partido dos Trabalhadores desde seu início.
A principal contribuição de Gramsci para a esquerda foi a teoria da Hegemonia Cultural, na qual expõe a forma como o estado burguês mantém seu poder através das instituições culturais. Seu foco principal são as sociedades ocidentais e, na juventude, deu especial atenção à Ação Católica então existente na Itália.
Como a sua teoria da Hegemonia se dava principalmente na esfera intelectual, Gramsci recomendava uma ampla atuação cultural na sociedade, a fim de amplificar a presença da esquerda e fazer com que o estado e a sociedade se comunique nos termos marxistas que se tornarão hegemônicos. A partir daí, ficaria fácil a conquista do poder proletário, sem a necessidade de todo o derramamento de sangue dos holocaustos revolucionários defendidos pelos marxistas do seu tempo.
De acordo com o Dicionário Gramsciano, de Guido Liguori, embora Gramsci dedicasse à Ação Católica apenas alguns estudos esporádicos, não são poucas as notas referentes à atuação política e social de “jesuítas integristas e modernistas”. Sua análise centra-se na atuação dos intelectuais religiosos contemporâneos, sobre os quais Gramsci sustenta serem de atenção indispensável, além dos influxos da política geral do próprio Vaticano, para a compreensão do processo da construção da hegemonia.
De maneira geral, Gramsci considera a Ação Católica como parte das organizações que surgiram a partir da onda de apostasias motivada pela Revolução Francesa e, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX, quando a Igreja procurou criar alternativas para a recristianização da sociedade.