A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) se reuniu com milicianos digitais da esquerda para atuarem em favor do PL 2630, o chamado PL da Censura, concretização do plano petista de regulação das redes sociais, que poderá ser votado nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados.
O governo chegou a compartilhar com os influenciadores uma pasta no Google Drive contendo toda a narrativa em favor do texto, além de ataques a parlamentares de oposição que tentassem barrar o projeto. As reuniões em áudio na plataforma Spaces, do Twitter, contaram com a presença conjunta do relator do PL, o deputado Orlando Silva (PCdoB) e da milícia censuradora Sleeping Giants, todos com acesso à pasta de arquivos disponibilizada pelo governo.
Segundo informação da Crusoé, o conteúdo da pasta teria sido criado e organizado por Fabrício Vargas, secretário de Análise, Estratégia e Articulação da Secom do Palácio do Planalto. Outras duas servidoras da Secom, que atuam no Departamento de Articulação Institucional, aparecem como envolvidas no desenvolvimento na pasta.
O link dos arquivos foi vazado em um grupo de assessores parlamentares de diferentes grupos e partidos na Câmara. Deputados do PSOL, do PT e o próprio Partido dos Trabalhadores aparecem usando as imagens que circulam no grupo disponibilizado.
O alinhamento direto entre o governo e milícias digitais está sendo criticado por ter sido uma das acusações da esquerda contra a Secom do governo de Jair Bolsonaro. A então oposição acusada o governo anterior de beneficiar sites conservadores que publicavam críticas à narrativa da esquerda. A associação entre a Secom e esses sites, porém, nunca foi comprovada.
Nesta terça, uma ação conjunta e alinhada entre o governo, parlamentares da base, STF e MPF, centrou ataque à empresa Google depois que a plataforma publicou críticas ao PL, em um alerta para o risco da implantação de um sistema de censura no país.
Jornalistas de grandes veículos de comunicação, beneficiados pelo projeto, atuaram disseminando uma falsa censura promovida pelo Twitter na tentativa de influenciar no debate do PL que pode ser votado hoje. O governo teme uma derrota na Câmara caso o texto seja votado hoje.
Em um áudio publicado na plataforma Spaces, do Twitter, um dos influenciadores conta que se reuniu com a Secom e até com Gleisi Hoffmann, presidente do PT, para articular a campanha favorável à aprovação do PL 2630, que poderá regular as redes sociais no país.