O médico e infectologista Francisco Cardoso classifica como “crime contra a humanidade” e contra milhões de mulheres a demora na suspensão da vacina da Astrazeneca. Em entrevista ao Estudos Nacionais, o médico que está entre os que alertaram para os riscos desde o início, diz que a narrativa faz parte de um projeto de poder e espera que um dia os responsáveis possam ser punidos.
A vacina, que já havia sido suspensa em dezenas de países e nunca foi adotada nos Estados Unidos, parou de ser utilizada no Brasil devido a riscos de trombose. Mas a descontinuidade foi feita sem grande alarde, no final do ano passado, o que só foi divulgado nesta semana. A justificativa dos jornais para a divulgação recente foi o fato do “caos” ocorrido logo após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), culminando nos protestos do dia 8 de janeiro. Médicos e autoridades sanitárias justificam a demora na suspensão pela pouca evidência de riscos ligados à vacina.
“Eles estão com o discurso de que se basearam no que se tinha de conhecimento à época, o que é uma grande mentira. [As vacinas] foram abandonadas no fim do ano passado em praticamente em todo o planeta. E o anúncio veio agora, de forma bem confortável, meses depois, de forma muito suave. É um crime contra a humanidade. É um crime contra centenas de milhões de mulheres que tomaram essa vacina. A gente conhece centenas de mulheres que tiveram derrames, que tiveram problemas severos, jovens, após tomar essa vacina”, conta o infectologista.
Cardoso foi um dos médicos que mais alertou para riscos das vacinas de adenovírus, como a Astrazeneca e a Jansen, e as de mRNA, como a Pfizer, explica que a decisão para a descontinuação da produção foi tomada tarde demais, e levou em conta os riscos para a empresa.
“No fim do ano passado, houve uma ordem informal mundial que era para descontinuar a produção da [vacina da] Astrazeneca. Até porque passou-se o momento de emergência nacional e a partir daí a Astrazeneca começa, agora, a ter riscos jurídicos sobre os efeitos da vacina”, explicou o infectologista.
Cardoso conta que, ao contrário do que dizem divulgadores científicos e autoridades sanitárias, os riscos da vacina da Astrazeneca são conhecidos desde o início e a suposta necessidade de se aguardar evidências mais robustas. O médico recorda do que se sabia desde o início, sobre estudos que foram ocultados pela mídia, incluindo um sigilo proposto pela Fiocruz enquanto era comandada pela atual ministra da Saúde.
“A verdade é o seguinte: desde o início, nos estudos que foram escondidos da população, se sabia que a vacina da Astrazeneca tinha um potencial trombogênico acima do normal. Tanto é que essa vacina nunca foi aprovada nos Estados Unidos”, conta Cardoso.
Em agosto de 2021, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) propôs uma estrutura milionária para guardar documentos considerados sigilosos sobre a compra e aquisição da vacina da Astrazeneca. A instituição propôs a compra de um cofre importado no valor de R$ 130 mil para guardar os materiais classificados com grau de sigilo secreto, ou seja, com restrição de acesso máxima de 15 anos. A presidente na época era a atual ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Embora nunca tenha sido aprovada nos EUA, a vacina da Astrazeneca acabou sendo aprovada na Europa e no Brasil, como conta Cardoso.
“Como ela era britânica e tinha um lobby forte, acabou sendo aprovada na Europa e o Brasil, como país terceiromundista acabou seguindo a onda. Rapidamente essa vacina foi descontinuada em vários países da Europa porque viram o aumento de trombose, principalmente em mulheres”, conta.
“Enquanto uma vacina normal tem cerca de 500 a 1.500 partículas ou proteínas virais por dose, essas vacinas da covid possuem centenas de milhões, então gera uma reação muito agressiva do corpo e esse excesso de informação pode causar, entre outras coisas, trombose”
“A questão da trombose está ligada à tecnologia dela, ligada a adenovírus e a quantidade de partículas virais que contém a vacina. Enquanto uma vacina normal tem cerca de 500 a 1.500 partículas ou proteínas virais por dose, essas vacinas da covid possuem centenas de milhões, então gera uma reação muito agressiva do corpo e esse excesso de informação pode causar, entre outras coisas, trombose”, explica o infectologista.
“Porém, era importante manter a narrativa e alertas de médicos como nós foram solenemente ignorados pelo Ministério da Saúde, pelas sociedades de medicina, pela imprensa, fomos tachados de negacionistas, de terraplanistas, de mentirosos, de antivax, com divulgadores de ciência, a maioria não médicos, afirmando que essa vacina não causava trombose. Até que morreu uma promotora grávida, no Brasil, aí gerou-se uma reação, em silêncio, e proibiram a Astrazeneca para gestantes”, diz Cardoso.
Mesmo assim, explica o médico, a censura se manteve nas redes sociais contra médicos que denunciavam os riscos. As evidências de trombose na Astrazeneca foram se acumulando nesse período, conta o médico.
“Até que as próprias revistas científicas que estavam envolvidas na narrativa de impedir qualquer coisa que fosse contra a vacinação em massa da população com vacinas inúteis (porque não serviram ao que se prestavam), começaram a publicar artigos de relevância dizendo que tem riscos de trombose. O próprio observatório de saúde, que é o órgão de vigilância epidemiológico britânico, publicou estudos mostrando isso, mas os defensores da narrativa continuavam negando. Até que ficou insustentável”, explica.
“Eu espero que um dia a gente seja grande o suficiente como sociedade para que as empresas, os políticos, os empresários e os divulgadores de mídia responsáveis por essa catástrofe sejam punidos”
“O objetivo era claro. É um projeto de poder, de vacinação em massa da população sem nenhum compromisso com a verdade e com a ciência. Um verdadeiro teste de reengenharia social que foi feito na humanidade nos últimos anos com relativo sucesso, eu diria (…). Eu espero que um dia a gente seja grande o suficiente como sociedade para que as empresas, os políticos, os empresários e os divulgadores de mídia responsáveis por essa catástrofe sejam punidos”, diz Cardoso.