Sem apresentar nenhuma prova ou evidência, o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), afirmou nesta segunda-feira (10) haver relação entre os massacres feitos contra crianças em escolas e as manifestações populares do 8 de Janeiro, contrárias ao governo Lula, que terminaram com mais de 2 mil prisões políticas, entre mães, senhoras e crianças pela Polícia Federal.
A teoria citada por Dino já apareceu em um relatório feito por ativistas ligados a entidades internacionais, publicado em dezembro de 2022, que foi enviado à equipe de transição do governo Lula já no final do ano passado, meses antes do ataque ocorrido em Blumenau.
A ideia do relatório é instrumentalizar os massacres para a perseguição da oposição, como foram feitos com os vandalismos em Brasília nos protestos contra o governo.
Apelidado de “minority report petista”, em referência ao filme de ficção científica em que uma nova lei visava usar a tecnologia para prever crimes e prender potenciais criminosos antes do crime, o relatório que foi apresentado pelo site Estudos Nacionais na última semana tenta criminalizar o discurso conservador de oposição ao governo, mesmo diante de inexistência de atos violentos semelhantes por parte de conservadores.
A ligação feita pelo ministro com os protestos de 8 de janeiro visa dar fundamento às teses do relatório apresentado pelos ativistas. O dossiê, de mais de 50 páginas, busca fundamentar a ligação, mas insere no mesmo espectro de fatos grupos diversos ligados a neonazismo, agrupamentos fascistas como o Nova Resistência (apoiadores da Rússia no Brasil) e conservadores cristãos, incluindo oportunamente os opositores do atual governo.
Na mesma linha do minority report petista, Dino fala que tanto os ataques a escolas quanto os protestos contra o governo seriam “ecos e reverberações” de uma suposta cultura de violência perpetuada no governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Tem influência da ideia de violência extremista a qualquer preço, a qualquer custo. O ethos, o paradigma de organização do mundo que golpistas políticos e agressores de crianças, assassinos de crianças têm, é o mesmo, é mesma matriz de pensamento, é a matriz da violência“, disse o ministro ao buscar fazer a associação.
Além de associar ao governo anterior, o ministro também notou fatos “positivos” para o governo Lula, ao dizer que “o extremismo político acabou fazendo com que se ampliasse o apoio ao governo, não só social, mas também institucional“.
Uma das teses do relatório é a de que ampliar a segurança em escolas não pode não funcionar, já que é mais urgente monitorar as ideias por trás dos massacres. Essas ideias são relacionadas, por meio de associações fortuitas e pouco documentadas, às ideias conservadoras e de direita.
Origem das ideias extremistas
Ao contrário do que alardeia a teoria conspiratória criada pelos ativistas que redigiram o relatório, a ligação entre os ataques a escolas e a difusão de ideologias extremistas encontra eco no próprio ideário da esquerda no Brasil. Dias após a tragédia ocorrida em Blumenau, um professor de Joinville foi afastado por defender e elogiar o massacre. Nas suas palavras, ele dizia que “há gente demais no mundo” e de acordo com o testemunho de alunos, criticava e zombava da religião dos alunos. As opiniões do professor são comuns entre ambientalistas e de defensores dos direitos dos animais.
Ambientalistas costuma disseminar ideias de superpopulação como forma de justificar o aborto e ataques ao conceito de família natural.
A cultura de ódio às crianças tem sido repetida por jornais há várias décadas, com diversas ramificações, mas ganhou especial força na pandemia, quando crianças foram retiradas das escolas e separadas de seus avós por medo de infectarem os adultos. O aumento da gravidade da covid-19 foi utilizada pelos jornais para alarmar a população, o que acabou se voltando contra as crianças.
Uma infectologista chegou a afirmar, em entrevista a um jornal, que “crianças são depósitos de vírus”, estigmatizando as crianças, que se tornaram alvo de exclusão e temor social.
Especialistas alertaram durante a pandemia para os problemas mentais e de socialização de crianças, mas foram ignorados, conforme artigo publicado em Estudos Nacionais na última semana.
Em 2022, ampla parcela da mídia atuou para que fosse cometido um procedimento de assassinato intrauterino (aborto) contra uma menina de 11 anos, grávida após relação consentida com um meio irmão. Na ocasião, a narrativa abortista considerou que a juíza que tentou impedir agiu “contra o direito” ao aborto, o que seria, no entender das ativistas, “uma violência” e um “abuso”. Este tem sido o entendimento de “violência contra crianças” por parte de setores de esquerda.