O conflito entre cristãos e muçulmanos está aumentando na Rússia após a proposta de construção de uma mesquita em Moscou. Após intensos protestos de cristãos, os ortodoxos não autorizaram a construção da mesquita em local considerado sagrado. Em resposta, os tártaros muçulmanos incendiaram uma igreja cristã em Nizhnekamsk, segundo informações da agência russa Visegrad, pelo Twitter.
Nesta semana, os cristãos se reuniram no local da mesquita planejada, que poderá abrigar até 60 mil muçulmanos, no distrito de Kosino-Ukthomsky, na capital russa. Nesta quarta-feira, militantes cristãos atacaram as forças de segurança russas em duas aldeias na Inguchétia.
Após queimarem a igreja, o chefe da República da Chechênia, Ramzan Kadyrov, político muçulmano e fantoche de Putin, acusou os ortodoxos de não serem patriotas e de cooperação com “satanistas” do Ocidente.
“Se eles querem defender a terra russa, vá para as trincheiras com uma metralhadora! Pegue-a e empurre para trás o muçulmano que está lutando por você hoje no Donbass russo”, disse Kadyrov, que fornece uma das principais forças militares à Rússia na Ucrânia.
“Esses instigadores agem em favor dos interesses ocidentais, quaisquer que sejam as desculpas que encontrem (…) Esses instigadores devem ser mobilizados para lançar toda a raiva sobre o inimigo ou ser enviados à justiça como sabotadores de informações agindo para agradar aos satanistas”, concluiu Kadyrov.
Kadyrov é considerado um dos seres humanos mais cruéis da face da Terra. Ele herdou o poder do pai e envia seus filhos para o front. O líder checheno defende o uso de armamento nuclear contra a Ucrânia e já critico o exército russo por matar pouco. Ele chegou a defender que soldados russos feridos em combate sejam enviados ao front só com arma de mão, para “lavarem a sua honra com sangue”. Líder do exército muçulmano de Putin, os chamados “kadyrovitas” são temidos por toda parte, especialmente por um elemento religioso pouco declarado que envolve certo gosto dos muçulmanos por matar cristãos, como fazem na Ucrânia.
Diante do problema histórico para manter sob controle um território tão grande no maior país do mundo, o programa nacionalista de Putin se vê obrigado a manter certo diálogo com cristãos e muçulmanos, o que implica em um tipo de ideologia conciliatória ligada a um tradicionalismo profundamente antiocidental.
Perseguição a cristãos na Rússia
Ataques muçulmanos a igrejas são mais frequentemente noticiados quando ocorrem em países como a França, onde não há reação de cristãos devido ao enfraquecimento da religião nesses países. No entanto, a Rússia abriga conflitos religiosos há bastante tempo, embora a atual política de Putin busque revalorizar o cristianismo devido ao apoio que tem da Igreja Ortodoxa Russa e seu patriarca, um ex-agente da KGB como Putin.
De acordo com os relatórios da ONG Portas Abertas, que monitora a liberdade dos cristãos pelo mundo, as igrejas na Rússia viram o número de membros cair desde que a guerra contra Ucrânia foi declarada. Russos étnicos vêm fugindo de regiões como o Daguestão, Chechênia, Inguchétia, Kabardino-Balkaria e Karachay-Cherkessia devido aos conflitos frequentes.
No país, as igrejas ortodoxas russas não sofrem problemas com o governo. Quem sofre maiores perseguições no país são os cristãos nativos nas regiões de maioria islâmica. A perseguição ocorre tanto por parte de familiares e amigos quanto da comunidade local, que discrimina denominações cristãs ocidentais, vistas como estrangeiros.
Em algumas áreas os cristãos têm que manter a fé em segredo por medo de serem atacados e possivelmente executados pelas comunidades. Igrejas não registradas ativas no evangelismo podem enfrentar obstruções na forma de vigilância e interrogatório pelas autoridades locais.