O termo “indústria do aborto” não se restringe ao conjunto de fornecedores do serviço de aborto, como alguns poderiam deduzir a primeira vista.
Há uma estratégia mais elaborada por trás dessa agenda. Veremos a seguir alguns exemplos e ligações entre clínicas, fundações e centros de pesquisa que explicam esse complexo arranjo da indústria que dá suporte à expansão do aborto como método de controle populacional e social.
Instituto Guttmacher
Embora grandes veículos de mídia, especialistas, acadêmicos e até ministros da suprema corte façam citações de pesquisas desse instituto com frequência, trazendo como aparente fonte neutra e confiável, o instituto foi criado dentro da maior clínica de abortos do mundo, a Planned Parenthood. Para ser mais exato: era um Centro da IPPF (Federação da Planned Parenthood). Conforme reconhece o site atual do instituto, após anos dentro da estrutura da IPPF o Instituto Guttmacher foi apartado da sua estrutura formal e passou a atuar juridicamente separado, mas recebia doações da IPPF em valores significativos. Mais tarde passou a receber cada vez menos recursos financeiros da clínica de abortos até não depender mais dela. Por outro lado, ainda recebe recursos de fundações internacionais que financiam a agenda do aborto no mundo como Ford Foundation, Bill e Melinda Gates Foundation, MacArthur Foundation e outros.
É como se a Coca-Cola criasse um centro de pesquisa interno, depois por causa de críticas tornasse isso um instituto separado, mas continuasse enviando dinheiro para manter as pesquisas. Por fim, deixa de enviar dinheiro, mas pede que seus amigos “de causa” financiem a entidade. Nesse contexto, o instituto sempre traz pesquisas mostrando que o produto de seu fundador não faz mal para a saúde, só tem vantagens! Qual crédito você daria para uma pesquisa desse tipo?
IPPF – International Planned Parenthood Federation
A federação da maior clínica de abortos é uma ONG da clínica. Existe certa confusão jurídica e analisando bem o trabalho deles fica bem difícil dizer onde termina a clínica e começa a federação. Suas ações são sempre harmônicas e conjuntas, quando conseguimos distingui-las. Por meio da IPPF, diversas ONGs menores são financiadas. Segundo o site oficial da IPPF, são 170 ONGs parceiras no mundo.
No Brasil sobram exemplos de ações que visam legalizar o aborto e tem apoio da IPPF. São pesquisas de opinião públicas que custam milhares de reais com logo da IPPF (veja aqui a comprovação) e até aportes financeiros direto para ONGs que vão para a Suprema Corte do Brasil (Superior Tribunal Federal – STF) pedir a legalização do aborto. Para complementar o trabalho já feito pelo Instututo Guttmacher na “pesquisa científica”, a IPPF apoia o centro de pesquisa Bixby Center, da Universidade da Califórnia. Por coincidência, o centro apoiado pela clínica de abortos publica estudos que mostram que o aborto não traz males para saúde mental das mulher. Em rápida análise, verificam-se claros indícios de vieses no estudo, obviamente, pois ao que tudo indica, foi feito para agradar seu parceiro: a IPPF.
Outro exemplo de iniciativa com apoio financeiro da IPPF é o maior congressos de Obstetrícia e Ginecologia do mundo, da FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetricia), conforme detalhado em estudos anteriores que mostram como o lobby pró-aborto articula há décadas sua influência na área da saúde. Assim a FIGO usa de seu respaldo profissional no mundo para dizer que o aborto legalizado é algo extremamente necessário ao mundo.
Outro exemplo de atuação da IPPF na expansão da pauta foi um edital aberto recentemente no Brasil por meio de uma ONG que tentava contratar um pesquisador para pesquisa no viés pró-aborto, ofertando R$ 9 mil ao mês. Sem dizer a fonte dos recursos no edital ou no site da ONG, uma pesquisa mais detalhada mostrou que a diretora da ONG se identifica como diretora na IPPF em seu Linkedin.
Em tratamento midiático, um importante exemplo é o instituto Patrícia Galvão que frequentemente é citado pela mídia como um grande defensor das mulheres e fonte de informações sobre a temática do aborto. No site oficial do instituto constam os financiadores: Fundação Ford, IPPF, Global Fond for Women, ONU Mulheres, UNFPA(Fundo de Populações das Nações Unidas), Instituto Avon e International Women’s Health Coalition (IWHC) e outros.
Pesquisa científica, clínicas de aborto, ONGs e mídia: caso do Instituto Patrícia Galvão e Abraji.
Enquanto o Instituto Patrícia Galvão recebe recuros da Fundação Ford, IPPF, ONU Mulheres e Nações Unidas, o Instituto abre abriu edital em 2018 para jornalistas publicaram reportagens sobre a temática do aborto. Em 2019, jornalistas vencedores do edital, que pagava milhares de reais para o trabalho, finalmente publicaram seus trabalhos. Uma das publicações é vista com data de 30/04/2019 no jornal El País, e visava “expor” o movimento que se opõe ao aborto. Ironicamente, a reportagem tentou dizer, dentre outras coisas, que o movimento pró-vida estaria sendo beneficiário de recursos financeiros internacionais ocultos, embora não tenha conseguido trazer uma prova disso, ao final da reportagem do El Pais constava a seguinte informação: “Esta reportagem foi produzida com apoio do edital Jornalismo Investigativo em Direitos Humanos, Aborto e Saúde pública, uma paceria do Instituto Patrícia Galvão, Abraji e GHS). O edital citado, de 2018, tinha oficialmente declarado ser iniciativa da Abraji (Ass. Brasileira de Jornalismo Investigativo) e da Global Health Strategies Brasil (GHS). A Abraji recebe doações da Open Society foundation, de George Soros.
FioCruz, financiamento para “saúde materna e fetal” e exposição a favor do aborto.
A reportagem do El País acima citada tentou em um momento negar que existe um financiamento da pauta pró-aborto, para responder um levantamento que publiquei à época e mostrava mais de 18 milhões de dólares movimentados para ONGs presentes na audiência pública do Supremo Tribunal Federal onde se discutia a liberação do aborto.
Entre as fontes de recursos estavam: IPPF, Open Society, Fundação Ford, IWHC, Bill e Melinda Gates Foundation e outras fundações. Os jornalistas da reportagem do El País, cujo atuando no edital da ONG Patrícia Galvão, consultaram a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) sobre o fato da entidade ter sido citada no relatório de 2018 como uma das entidades que foi defender o aborto no STF e recebeu recursos de fontes pró-aborto, nesse caso, Fundação de Bill e Melinda Gates. A Fiocruz disse que não recebeu recursos para “defender o aborto”, mas para fazer pesquisas sobre “saúde materna e fetal”. Qualquer pessoa que conheça a temática com propriedade sabe que a maior parte das pesquisas científicas que amparam argumentos pró-legalização do aborto se dão na área de saúde materna. Mas para que não restasse dúvidas, uma pesquisa adicional mostrou que a Fiocruz tem inúmeros posicionamentos a favor da legalização do aborto e um dos pesquisadores da Fiocruz que representou a entidade na referida audiência pública da Suprema Corte foi justamente um mestre e doutor do departamento “saúde materna e fetal” da Fiocruz. Ou seja, uma pessoa do setor que recebeu a verba.
Complexo cruzamento de ligações entre entidades
Esse cruzamento de financiamento direto e de apoio entre ONGs, fundações, centros de pesquisas e clínicas de aborto é complexo e abrangente. Porém, não é difícil, por meio de exemplos, verificar sua forma de funcionamento padrão. Este cruzamento de ligações de doações financeiras e apoios diversos caracteriza-se inegavelmente um mesmo ecosistema de uma mesma indústria. É nesse ponto de vista que deve ser compreendido o termo “indústria do aborto”, de forma completa e não restrita a uma pequena lista de clínicas de abortos. Afinal, o trabalho de uma ONG para liberar o aborto, por exemplo, no Brasil, nada mais é do que uma ação que vai ao encontro dos objetivos financeiros das clínicas pela expansão de mercados. Ao mesmo tempo, vai ao encontro de objetivos ideológicos de todo o “ecosistema” de fundações internacionais envolvidos na criação desse cenário favorável a expansão do aborto, controle populacional e social.
Referências:
IPPF. (n.d.). Member Associations. https://www.ippf.org/about-us/member-associations
IPPF- Finacial Report 2016. https://www.ippf.org/sites/default/files/2017-06/FinancialReport_2016.pdf
Derosa, M. Dados do Inst.Patricia Galvão. https://www.estudosnacionais.com/13212/estudos-nacionais-e-vitima-de-fake-news-do-el-pais/
Derosa, M. Pesquisadores pagos por clínicas de aborto publicam sobre “satisfação” pós-aborto https://www.estudosnacionais.com/20674/pesquisadores-pagos-por-clinicas-de-aborto-publicam-sobre-satisfacao-pos-aborto/
Derosa, M. ONG abortista abre vaga a 9 mil reais e tem vínculo com maiores clínicas de aborto do mundo – https://www.estudosnacionais.com/21856/ong-abortista-abre-vaga-a-9-mil-reais-e-tem-vinculo-com-maiores-clinicas-de-aborto-do-mundo/
Derosa, C. (2018). Patrícia Galvão publica edital para financiamento de reportagens pró-aborto no Brasil – https://www.estudosnacionais.com/7292/patricia-galvao-publica-edital-para-financiamento-de-reportagens-pro-aborto-no-brasil/
Derosa, M. (2018). 18 milhões de dólares para legalizar o aborto no Supremo – https://www.estudosnacionais.com/8206/18-milhoes-de-dolares-para-legalizar-o-aborto-no-supremo/
Guttmacher Institute. (n.d.) The History of the Guttmacher Institute Official website. About-History. https://www.guttmacher.org/about/history.