Sempre Família – Durante as décadas de 1960 e 1970, organizações que procuravam flexibilizar as leis sobre aborto nos Estados Unidos, como a National Organization for Women (NOW), tentavam convencer os americanos de que as mulheres queriam que a prática fosse completamente legalizada, sob demanda.
Muitas mulheres, é claro, se opuseram a isso, mas as suas vozes foram silenciadas pela NOW – que era profundamente influenciada por homens que buscavam lucrar com o aborto – e pelos seus apoiadores na mídia – naquele tempo, majoritariamente controlada por homens.
Os nomes das mulheres que lutaram pela vida dos nascituros naquele tempo não podem ser esquecidos. Muitas delas eram negras, ligadas aos movimentos civis de direitos humanos, que perceberam que havia uma política de “genocídio negro” por trás da implantação do aborto legalizado. Conheça quatro delas:
Fannie Lou Hamer
Cofundadora do Partido Democrático da Liberdade do Mississipi e candidata ao Congresso norte-americano em 1964, Hamer era uma ativista pelos direitos civis que chegou até mesmo a ser vítima de um programa de esterilização eugênico – apoiado pelas lideranças da Planned Parenthood, a maior rede de clínicas de aborto do país.
Hamer participou em 1969 de uma conferência sobra alimentação e nutrição na Casa Branca, onde foi veemente em denunciar o aborto “como um instrumento para o genocídio dos negros”. Quando ativistas pró-aborto levantaram o tema do controle de natalidade no evento, Hamer foi clara: “Eu não vim aqui falar de controle de natalidade. Vim para conseguir alimentação para pessoas pobres e famintas”, disse.
Para ela, a legalização do aborto – um “assassinato legalizado”, como ela chamava – era parte de um “plano mais amplo de homens brancos para exterminar a população negra nos Estados Unidos”. “Houve uma época em que mulheres negras eram compradas como escravas por serem boas reprodutoras. Agora falam de controle de natalidade e aborto para negros. Se tivessem falando dessa forma quando minha mãe estava tendo filhos, eu não estaria aqui agora”, dizia.
Mildred Fay Jefferson
Jefferson foi a primeira mulher negra a se formar pela Escola de Medicina de Harvard. Cofundadora do National Right to Life Committee(NRLC) e sua presidente de 1975 a 1978, além de cofundadora do Massachusetts Citizens for Life, a sua postura a favor da vida dos nascituros despontou principalmente a partir de 1970, quando ela criticou a American Medical Association por “distorcer seus princípios fundadores de tal modo que um médico não seria considerado antiético se realizasse um aborto”.
“Tornei-me médica para ajudar a salvar vidas. Sou ao mesmo tempo médica, cidadã e mulher e não estou disposta a consentir com o conceito de vidas humanas descartáveis, que torna essa grande país de todos nós em apenas mais uma reserva exclusiva onde apenas os perfeitos, privilegiados e planejados têm direito a viver”, afirmou Jefferson.
Em 1977, ela deixou claro que “os negros sofrem mais abortos porque o que parece uma ajuda é na verdade um golpe contra eles. Os negros são cada vez menos”. Para ela, “o aborto é uma guerra de classes contra os pobres”. “Os defensores do aborto dizem: ‘Vamos deixar as pobres terem acesso ao aborto como as ricas têm’. Bom, então os defensores do aborto deveriam fazer uma lista de outras coisas que as mulheres ricas têm e que vão passar a dar às mulheres pobres”, ironizou a médica.
June Franklin
Em 1971, um dos mais convincentes argumentos contra a legalização do aborto veio de uma deputada estadual negra de Iowa – a única pessoa negra da Assembleia Legislativa do estado naquele mandato.
“Aqueles que estão propondo esta lei dizem que ela se dirige aos negros e pobres que querem abortar e não podem. Esse é o argumento mais falso e absurdo de todos”, dizia June Franklin, do Partido Democrata. “Eu represento as periferias, onde vivem a maioria dos negros e pobres, e desafio qualquer um aqui a me mostrar qualquer lista de espera de negros ou pobres brancos que desejam um aborto”.
Em 1972, ele defendeu seu voto contra o aborto dizendo: “A maioria das pessoas que ouvi se opõe veementemente à legalização do aborto – e a maior parte delas não é católica”. Segundo ela, a legalização do aborto “levaria ao genocídio e à eutanásia. Deus nos deu a vida e só ele pode tirá-la”.
Erma Clardy Craven
Membro da diretoria do NRLC e presidente da Minnesota Human Rights Comission e da African-Americans Against Abortion, Craven foi muito clara em sua denúncia contra o aborto – parte de seu trabalho como ativista pelos direitos humanos: “No curso da história dos Estados Unidos, a qualidade de vida sempre melhorou às custas dos mais fracos e oprimidos. Não é preciso muita imaginação para ver que o bebê nascituro negro é o verdadeiro alvo de muitos defensores do aborto”, disse ela.
“A qualidade de vida dos pobres, negros e oprimidos não vai melhorar com a destruição dos seus filhos”, ironizou Craven. “O ventre das mulheres pobres e negras é visto como o último campo de opressão. No passado, os negros não conseguiam produzir filhos na velocidade que os seus senhores queriam. Agora que o poder está próximo, os senhores querem nos proibir de ter filhos. Quando vista dentro de um contexto, toda essa confusão se resume a um flagrante genocídio”.
“Eu sinto que o movimento pró-escolha é um policiamento masculino”, disse ela em 1985. “Fiz um voto diante do túmulo da minha avó que enquanto eu respirar vou lutar pelo direito da criança negra de existir”. Uma frase sua de 1975 parece até mesmo uma precisa previsão da venda de tecidos de bebês nascituros praticada clandestinamente pela Planned Parenthood: disse que o aborto equivale a uma “comercialização por atacado de carne humana”.
Com informações de LiveAction/ Sempre família