Por Marlon Derosa.
A cultura do aborto, incentivada pelo ativismo “pró-escolha”, tem sido responsável por indicar às mulheres o que elas devem escolher. Essa é uma das conclusões do estudo publicado pelo americano David C. Reardon, Aborted Women, Silent no More (ainda não traduzido para o português). O livro apresenta uma série de estudos e pesquisas com centenas de mulheres que passaram pela experiência de um aborto, além de trazer um diagnóstico do mercado de abortamentos nos Estados Unidos.
Segundo o estudo, 83% dos abortos não são realizados por escolha individual da mulher. Além disso, 75% das mulheres alegam que não teriam feito aborto se a prática não fosse legalizada. Os dados levantaram ainda que apenas 3% dos abortos nos EUA são feitos por motivo de violência sexual.
A pesquisa foi feita com 252 mulheres de 42 estados dos Estados Unidos, com depoimentos de 20 mulheres e dados de estudos sociológicos e jornalísticos com mulheres que fizeram aborto.
Reardon intercala capítulos de estudos, análises estatísticas e depoimentos de mulheres. O livro traz, pela primeira vez, um estudo com dados que vão além das limitações temporais e geográficas.
O estudo traz o dado alarmante de que 83% dos abortos não foram realizados por escolhas da mulher. A maioria das mulheres alega que não teria recorrido ao aborto se não fosse a pressão recebida por diversas pessoas, como namorados, esposo, amigos, médicos, membros da família etc.
As pressões sociais e da família em favor do aborto foram classificadas, em 55% dos casos, como “muito fortes”. Além disso, segundo o estudo, 75% das mulheres alegam que não teriam feito um aborto se a prática não contasse com o respaldo legal do Estado, isto é, se não fosse legalizado no país.
Para a maioria das mulheres, o conselheiro da clínica de aborto é visto como promotor do aborto. Treinado para dissuadir a ideia de “bebê”, usam eufemismos como “esvaziar o útero”, “problema fetal”, evitando explicações sobre o desenvolvimento do feto ou sobre as dimensões morais da decisão. Os conselheiros das clínicas encorajam a cliente referindo-se ao feto como um “amontoado de células”.
Sequelas físicas e mentais
Reardon demonstra em seu livro que o aborto não é de forma alguma psicologicamente terapêutico. Ao contrário, mostra-se causa de uma série de problemas de origem física e psicológica para as mulheres.
No âmbito dos problemas físicos, estatísticas mostram que procedimentos de curetagem ou aborto por vácuo, usados em 90% dos abortos, possuem 12% de chances de ocasionar danos físicos ao corpo da mulher.
Dentre as complicações graves mais comuns relacionadas ao aborto por vácuo estão a infecção, excesso de perda de sangue, embolia, perfuração do útero, lesões cervicais, complicações em anestesia, convulsões, hemorragias e choque endotóxico. Dentre as complicações menos graves incluem-se: infecções, febres, calafrios, queimaduras de segundo grau, dores, vômito, perturbações gastrointestinais e ciclos menstruais dolorosos.
Evidências de estudos de diversos países demonstram ainda grande ocorrência de complicações percebidas meses ou anos após o aborto. O estudo destaca, maiores índices de câncer, complicações nas gravidezes subsequentes, sangramento etc.
Os efeitos psicológicos são igualmente devastadores. Uma análise cuidadosa de dados de pacientes e estatísticas de saúde, bem como depoimentos de mulheres após a experiência do aborto demonstram um grande número de mulheres que passam a sofrer de depressão, ansiedade, distúrbios sexuais e de sono, estresse, perda da autoestima, abuso de álcool e drogas, pensamentos suicidas ou mesmo atitudes.
O livro mostra um estudo publicado no American Journal of Psychiatry, onde 50% das mulheres que fizeram um aborto viam a experiência como negativa. Outro estudo, mostrou que 26% das mulher sentem-se culpadas e 12% estava sofrendo de sérios problemas psicológicos.
Com uma análise de diversos estudos científicos o autor conclui que a grande maioria das mulheres que realizam um aborto terão que lidar com problemas como insônia, ansiedade, sentimento de isolamento e até mesmo de síndrome do “bebê fantasma”, que é quando a mulher passa a “ter visões” do bebê abortado quando olha para outras crianças.
Estupros
Embora a discussão sobre direito ao aborto inicie sempre a justificativa dos casos de violência sexual, o estudo mostra que esses casos correspondem a um pequeno percentual: em torno de 3% dos abortos nos Estados Unidos e 1% na Austrália.
Isso põe a claro a estratégia ativista no mundo. Nos países onde a prática não é legalizada, a estratégia dos grupos pró-aborto foca-se na violência sexual, já que normalmente a legislação permite o abortamento para esses casos. Os ativistas visam, com isso, ampliar a necessidade e diminuir restrições.
A decisão da mulher
Uma vez demonstrado que 83% das mulheres sentiram-se forçadas a fazer o aborto, o livro coloca alguns questionamentos sobre a cultura envolvida na questão do aborto.
O livro traz como anexo um artigo de uma mulher. Ela é Nancyjo Mann, fundadora de uma organização internacional de defesa da vida.
Ela critica que a defesa de muitos grupos feministas e “pró-escolha” está baseado em um paradigma “tradicional e machista”, uma vez que estimulam uma cultura dualista que impõe às mulheres que elas devem escolher entre maternidade ou carreira. Nesse discurso, ironicamente a mentalidade “pró-escolha” dita o que a mulher deve ou não escolher.
Segundo Nancyjo Mann, as mulheres não devem ter que escolher entre carreira ou maternidade, e sim receber condições para exercerem sua maternidade quando desejarem ao invés de receber pressões para escolher a dita liberdade por meio de um aborto.
Negócios antes da medicina
O capítulo 8 do livro, chama-se “Negócios antes da medicina” (Business Before Medicine). Nesse capítulo o autor penetra em uma análise completa do mercado de abortamentos dos Estados Unidos e outros países, mostrando quão lucrativo tornou-se para as clínicas, que passam a ver prioritariamente os negócios e depois a saúde psicológica ou os danos físicos que a mulher terá de arcar nos anos seguintes a um aborto.
Além disso, instituições internacionais e governos tem investido grandes volumes de dinheiro público nas causas relacionadas em prol a expansão do aborto.
Em um dos depoimentos trazidos no livro, há a história de uma adolescente que teve ajuda do conselheiro (vendedor) da maior clinica de aborto dos Estados Unidos, a Planned Parenthood, para fazer o aborto sem que seus pais soubesse. A clínica buscou a adolescente em casa com uma van escolar. Como ela se atrasou para voltar para casa o funcionário da clínica ainda forjou uma carta com explicações para seus pais ficarem mais tranquilos, acobertando o que a adolescente havia feito.
A Planned Parenthood ficou conhecida mundialmente por funcionários do alto escalão flagrados em negociações para venda de órgãos de fetos abortados, no ano de 2015.
O livro está disponível apenas em inglês, como e-book ou livro físico.
Título: Aborted Women: Silent No More
Autor: David C. Reardon
Editora: Wstchester, IL:Crossway Books. 373 páginas.