A grande maioria da população chinesa vive no campo e não nas cidades. Eles são discriminados quando nascem, em um verdadeiro apartheid social para a maioria, excluída da vida urbana, vista como cartão postal chinês da prosperidade e tecnologia. Isso faz da China um grande país-fachada e desfaz o mito da superpotência que tem seduzido muitos empresários, políticos oportunistas e até militares brasileiros.
Em uma entrevista concedida ao Hoover Institution, o historiador Frank Dikötter, especialista em história da China moderna, revela uma face assustadora. Segundo ele, apesar das notícias sobre crescimento econômico e da influência internacional, a China permanece com as características clássicas dos regimes comunistas do século XX, como a Coréia do Norte. A diferença está no colossal investimento em propaganda externa.
“Eles gastam grande quantia de dinheiro projetando uma imagem de poder”, conta o historiador. Isso inclui o investimento na criação de cidades que, aos olhos ocidentais, pareceriam impecáveis. Essa tendência começou logo após a morte de Mao Tse Tung.
Todo o investimento em propaganda, porém, foi feito às custas do trabalho escravo da imensa maioria da população que se encontra no campo.
“As pessoas comuns têm a menor parcela do PIB de toda a história moderna”, sintetiza Dikötter. Ele conta que em 1976, quando morre o líder máximo da China, o país estava economicamente na posição 123º da economia mundial. Para muitas pessoas, o que houve depois foi um grande crescimento. No entanto, segundo dados do Banco Mundial, em 2000 a China ocupava 130º lugar. Ou seja, nas palavras de Dikötter, “a China mal conseguiu acompanhar o crescimento da economia mundial. Este é o nível de ilusão em que estamos”.
Assista a entrevista completa está disponível no canal do Hoover Institution no YouTube.