Em uma entrevista ao canal West Point, da Academia Militar norte-americana, o bilionário e atual braço direito de Donald Trump para assuntos tecnológicos e financeiros, Elon Musk, pode ter deixado escapar o fundo da questão envolvendo o papel da Inteligência Artificial em um futuro breve.
O entrevistador começou procurando saber até que ponto a I.A. será controlável pelo homem ou fugir a esse controle em algum momento.
Entrevistador: O que você está dizendo é que a IA vai superar rapidamente – pelo menos na sua estimativa – a capacidade humana de controlá-la.
Musk Sim, ok. Quer dizer, eu gostaria de dizer não, mas a resposta é sim.
Entrevistador: Então, como? Em primeiro lugar, quanto tempo até você achar que isso acontece? Antes disso, a IA evoluiu até o ponto em que, e eu sei, eles – as IAs – podem começar a trabalhar juntos, até mesmo contando com computadores de forma desequilibrada, e portanto superar a capacidade dos humanos de influenciar o modo como está funcionando?
Musk: Bem, acho que os humanos serão capazes de influenciar o modo como isso funciona por muito tempo. Este é um assunto esotérico que realmente entra em especulações bastante selvagens…
O quão “esotérico” pode ser o tema da Inteligência Artificial? Não seria necessário que Elon Musk admitisse estas expectativas mágicas vindas de premissas obviamente espiritualistas que estão e estiveram por trás da grande maioria das utopias revolucionárias que originaram o atual globalismo. Bastaria observarmos o natural desenvolvimento do o homem moderno procurou em matéria de reconstrução de Deus à sua imagem e semelhança. A verdade inconveniente é que isto poderá se tornar, em breve, um imenso e tenebroso pesadelo distópico, como temos alertado.
A inteligência artificial responde a uma série de esperanças de lunáticos espiritualistas que originaram os mais mirabolantes sonhos tecnológicos da modernidade e pós-modernidade. Com o fim da “fase materialista” dessa evolução globalista, é previsível que as razões espirituais que sempre nortearam as ideias revolucionárias comece a aparecer diante de todos. Tudo isso deve ser acrescentado à lembrança de que as mesmas raízes espiritualistas que inspiraram os globalistas (expostas à exaustão pelo Movimento New Age) estão de volta numa roupagem “tradicionalista”, em uma suposta revolta contra o sistema global para a implantação de um mundo multipolar, cujo projeto está longe de ser uma pauta exclusiva da Rússia de Putin a partir do trabalho ideológico de Aleksander Dugin, sendo na verdade uma ideia bem mais antiga e inerente à utopia revolucionária mais ampla.
Como recordamos em artigo recente neste site, utopias como as do teólogo jesuíta, Teillard de Chardin se veem incrivelmente resgatadas por financistas como Peter Thiel, um dos grandes financiadores de Trump, que argumenta, por exemplo, que “a liberdade é uma força transcendente”. Seria a final e definitiva declaração de um culto luciferiano?
Teilhard de Chardin tentou integrar a teologia cristã com a teoria evolucionista e a cosmologia moderna. Ele concebia a evolução como um processo cósmico, universal, em que matéria e espírito evoluem rumo a uma convergência no “Ponto Ômega”, identificado como Cristo, um “Cristo Cósmico” – visão que sugere um contínuo entre matéria e espírito, algo que implica monismo ou panteísmo, contrariando a separação clássica entre Criador e criação.
Assista a entrevista de Musk