A resolução do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), apelidada de Massacre dos Inocentes, foi aprovada neste dia 23 de dezembro, vésperas deste Natal, pelo órgão que pertence ao Ministério dos Direitos Humanos do governo petista. O documento determina que o assassinato de bebês no ventre das mães possa ser feito até os 9 meses de gestação mesmo contra a vontade dos pais da jovem mãe.
Por 15 votos a 13, a resolução foi aprovada mesmo com uma esmagadora maioria se manifestando contra a votação nas redes sociais. Evidentemente, não se trata de maioria de votos. Ainda que todo o mundo votasse a favor, isso não legitimaria tal atrocidade cometida, primeiramente, contra Deus.
Conselho diabólico
O iníquo conselho ainda recomendou que deva ser retirado do texto a possibilidade de ADOÇÃO, com o argumento de que seria “manter uma gravidez indesejada”. Afinal, se aquela vida é odiada a sua eliminação não pode ser impedida de nenhuma forma. Trata-se de uma invocação objetiva do Massacre dos Inocentes e do seu autor histórico, Herodes, no silêncio da véspera de Natal, quando a esperança da vida eterna se aproxima do seu nascimento. O ódio não é apenas à vida humana, mas ao próprio Criador numa versão política e administrativa da ação diabólica no mundo.
Pecado que clama por vingança
A doutrina da Igreja admoesta a defesa do aborto como passível de excomunhão. Até mesmo a prática de tal atrocidade pode ser perdoada mediante o arrependimento, mas a sua defesa não é apenas um pecado de homicídio físico (5º mandamento), mas o aprofunda para o pecado de escândalo (morte da Graça nas almas, que é a Vida Divina nelas), agravando ainda mais, o que atrai a necessidade objetiva de castigo eterno. Se temos visto castigos por toda a parte, ainda que se busque explicá-los de forma naturalista, como tempestades, enchentes e doenças, os maus que forem acometidos de tais castigos divinos não poderão contar com a compaixão dos justos: seu castigo será tão duro que os justos serão tentados a ter pena deles, mas não poderão. Não é justo nem benigno que se veja como exagero ou excesso a obra da Justiça Divina. Pelo contrário, o justo deve amá-la e desejá-la em toda a sua justiça.
Derrota pro vida
O fato demonstra o fracasso das políticas pró vida mantidas por muitos católicos. O uso de linguagem revolucionária para a defesa dos “direitos à vida”, numa tentativa de sensibilizar a opinião pública ou mesmo envergonhar os próprios militantes, mostra-se inútil e até prejudicial no atual estágio revolucionário. Para lidar com ameaças preternaturais, não há capacidade ou habilidade humana persuasiva que possa ter efeito. Só a ação divina por meio da graça, através da nossa cooperação radical com ela, poderá vencer as atuais ameaças.
A escolha de linguagens “igualitárias” ou retóricas superficiais usadas como ferramentas pelo próprio inimigo tem levado muitos católicos a acreditarem na mentira revolucionária. A escolha da “defesa da vida”, por exemplo, respondeu a um anseio de evitar palavras negativas e apostar no positivo, evitando a contrariedade vista como forte demais às sensibilidades daqueles que estariam mais distantes de aceitar a radicalidade necessária. Nada mais imprudente.
Não basta, portanto, sermos “à favor da vida”, é preciso sermos CONTRA O ABORTO, contra a morte de inocentes que é uma ofensa ao Criador em primeiro lugar. Os católicos precisam ter a coragem de colocar as coisas como são, sob pena de serem vomitados como mornos ou castigados como maus.
Plinio Corrêa de Oliveira, recordando o que disseram santos como Santa Francisca Romana, lembra que há dois tipos de seres humanos em analogia aos dois tipos de demônios: há os que negaram a Deus afirmando fidelidade a Lúcifer no início dos tempos, assim como os homens que amam o mal e odeiam o bem assumidamente. Mas houve, segundo a santa mística, os demônios que não chegaram a negar a Deus, embora tenham se colocado ao lado de Lúcifer. Estes últimos, que são comparados aos homens que tentam conciliar bem com o mal, não foram condenados aos infernos, mas a vagarem pela Terra até o fim dos tempos. Eles são responsáveis pelos eventos que nos abrem para possível tentação daqueles que vêm dos infernos. Os Demônios dos Ares, como são chamados, agem sobre o clima, sobre os nervos e a psique humana ativados pelas tribulações e provações do dia a dia, tornando-nos tíbios e distraídos para que possamos desejar mais o mal do que o bem, fazendo-nos cuidar dos próprios interesses corporais ou mundanos.
Assim como estes demônios, também os homens que não negam abertamente a Deus, mas afirmam certa fidelidade ao demônio, são maus embora pareçam bons. Somos tentados a ter compaixão deles, mas eles não terão compaixão de nós se nossa conduta divergir de forma radical demais contra o mal. São os homens que criticam o “radicalismo”, dirigem seus ataques aos católicos intransigentes que não comungam duplamente.
Portanto, não basta sermos contra o aborto. É preciso sabermos que ele é um pecado, principal e essencialmente, contra o Criador e que necessita de castigo divino. Depois, com Cristo em cada alma está presente, é um pecado contra a inocência da criança, representada principalmente no Natal pelo Menino Jesus, que é a inocência encarnada. O Massacre dos Inocentes promovido pelo governo, assim como o evento original que ele imita, nasceu derrotado, pois é no dia 24 para o 25, que a Verdade se encarnou e desceu para o mundo trazendo a natureza divina a habitar entre nós.
Rezemos, neste Natal, para que o Menino Jesus venha nos recordar que a sua humildade representa o desejo do mesmo Deus que expulsou Adão e Eva do Paraíso, para que retornemos a Ele pela via única da Cruz, do sofrimento, que pode bem ser aquele que nos exige o compromisso mais radical com a verdade e com a graça que necessitamos para viver cada instante elevando nossos corações apenas ao céu.