Recentemente, a Santa Sé voltou a se manifestar sobre as aparições de Medjugore, que assim como as de Garabandal, não são consideradas como sobrenaturais. Apesar disso, a Igreja reconhece que há bons frutos em torno dos fenômenos, como conversões, mudanças radicais de vida e até curas. Isso, porém, ainda não indica uma origem sobrenatural ou miraculosa. O Vaticano não proibiu fieis de irem aos locais, mas recomendou prudência no contato com os videntes. Essas precauções estão em linha com as novas normas publicadas pelo Dicastério da Doutrina da Fé, publicado neste ano.
É claro que, sem o parecer da Igreja, fica difícil afirmar a autenticidade de uma aparição ou mesmo dar crédito ao seu conteúdo. Isso não quer dizer que ele seja falso. No entanto, as aparições autorizadas já tiveram mensagens importantes e, para além delas, pouca coisa de fato relevante ou urgente poderia ser acrescentada. Afinal, o que o católico precisa saber de fato? A curiosidade estimulada pelos meios de comunicação e o afã por novidades pode ser uma ameaça ao discernimento de católicos, principalmente quando os afasta ou desvia do que realmente importa: a frequência aos sacramentos, a vida em estado de graça e a busca da santidade.
Vivemos em um mundo que banalizou ao extremo a feiura, o mal e a maldade, de maneira que informações inúteis, e até prejudiciais, passam a fazer parte do cotidiano. Isso favorece o interesse por tragédias do presente, do passado e do futuro.
É claro que, para além disso, os católicos devem estar prontos para grandes acontecimentos neste mundo, uma vez que, em Fátima, Nossa Senhora alertou para a necessidade de penitência e oração, pois viria um castigo, depois do qual o seu Imaculado Coração triunfará. Portanto, é fato que necessitamos da graça para estarmos preparados para isso. Qualquer aparição, ou vidente, que procure afastar católicos da comunhão com Roma e da frequência devida aos sacramentos, à Eucaristia e à Confissão Sacramental, é sério candidato a ser falsa e até herética.
Muitas aparições repetem este tipo de mensagem, reconhecida pela Igreja, mas acrescentam algo e acabam servindo a sensacionalismo e estimulando apenas uma vã curiosidade sobre o destino do mundo, o que tem pouca relação com a verdadeira preocupação que deveria ocupar a alma do cristão.
Fala-se em três dias de trevas, em um tipo de arrebatamento ou grande despertar, mitos associados muitas vezes a teses protestantes misturadas a teorias conspiratórias tidas como “confirmadas” por notícias, informações desencontradas e ideias disseminadas por influenciadores não ligados à Igreja. Tudo isso não raramente é apresentado com uma linguagem pouco católica e bastante sensacionalista, ilustrado com imagens feitas em Inteligência Artificial que pouco ou nada têm de arte sacra, tampouco de uma referência estética católica.
Pensando no ambiente de confusão generalizada que se tornaram as redes sociais e os espaços de comunicação de alguns grupos católicos, o Instituto Estudos Nacionais e a revista Regina Milites resolveram apresentar um pequeno resumo listado sobre as aparições reconhecidas atualmente pela Igreja.
Aparições aprovadas atualmente
Das cerca de 2 mil aparições alegadamente ligadas a Nossa Senhora em todo o mundo, a Igreja Católica reconheceu apenas 16 delas como autênticas. Além disso, outras 28 já foram aprovadas por autoridade eclesiástica local, sendo que muitas outras aguardam análises dos perigos do Vaticano.
Desde o Concílio de Trento, o bispo local é a primeira autoridade a julgar a autenticidade dos fenômenos ou aparições marianas. A eles é dada a responsabilidade de indicar se se trata de um fenômeno autêntico, o que é feito com base no conteúdo da mensagem se ela não é contrária à fé da Igreja.
É com base no Catecismo da Igreja Católica que a Igreja julga as aparições ou fenômenos místicos.
No item 67, é dito que:
“Ao longo dos séculos houve revelações chamadas ‘privadas’, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Estas, no entanto, não pertencem ao depósito da Fé. Sua função não é a de ‘melhorar’ ou ‘completar’ a Revelação definitiva de Cristo, mas a de ajudar a vivê-la mais plenamente em uma certa época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis (sensus fidelium) sabe discernir e acolher o que nestas revelações constitui uma chamada autêntica de Cristo ou de seus Santos à Igreja”.
Segue abaixo as 16 aparições aprovadas pela Igreja até hoje:
- Nossa Senhora de Guadalupe
- Nossa Senhora da Consolação de Lezajsk
- Nossa Senhora de Siluva
- Nossa Senhora de Laus
- Nossa Senhora das Graças
- Nossa Senhora de Zion
- Nossa Senhora da Salete
- Nossa Senhora de Lourdes
- Nossa Senhora Auxiliadora dos cristãos
- Nossa Senhora da esperança de Pontmain
- Nossa Senhora de Gietrzwald
- Nossa Senhora do Silêncio
- Nossa Senhora de Fátima
- Nossa Senhora dos Pobres
- Nossa Senhora em Kibeho
- Nossa Senhora de Beauraing