A tragédia climática do Rio Grande do Sul deu a oportunidade que as agendas ambientalistas, de base neopagã, de um lado, e tecnocrática, de outro, para uma alavancada nas suas narrativas e a consequente perseguição de vozes opositoras. O momento atual indica um upgrade do processo iniciado na pandemia.
Depois da caça às bruxas do “negacionismo”, iniciado em 2020 e 2021, que perseguiu manifestações de quem questionasse os consensos do regime cientificista global, a nova etapa do autoritarismo igualitário da ciência é a busca e perseguição ao “negacionismo climático”, uma nova etapa que se vale de opiniões inconvenientes ou supostamente ofensivas manifestadas por internautas, especialmente sobre a tragédia no Rio Grande do Sul.
Esta etapa marca o fim da era do politicamente correto e início da perseguição mais feroz às vozes discordantes. Há, portanto, a inclusão de um novo elemento que não existia na pandemia (ou era apenas acidental): o caráter anticristão da perseguição.
O novo dossiê de caça aos cristãos foi publicado pelo NetLab, o “Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais”, que sob o pretexto de buscar “financiamentos” ocultos por trás do negacionismo, vê uma conspiração do Youtube para financiar, através da monetização, discursos contrários à tese mecanicista de que as mudanças climáticas são causadas pelos atos humanos que desviam-se dos comportamentos orientados por comitês globais. Por trás da tese mecanicista do clima, porém, há o anseio do retorno a uma religião global de característica panteísta e neopagã que diviniza a Terra como uma deusa. Isso fica evidente em afirmações aparentemente aleatórias de militantes esquerdistas, mas que possuem profunda identificação com as utopias espiritualistas anticristãs atuais.
O Netlab salienta que as ações propostas contra os “desinformadores” são insuficientes.
No último dia 20, foi assinado um protocolo de cooperação entre a AGU, representando o governo federal, e as principais plataformas digitais que atuam no país com o fim de combater a desinformação sobre a tragédia climática que deixou o Rio Grande do Sul em estado de calamidade pública nas últimas semanas. No entanto, não só as plataformas têm sido ineficazes em conter o alastramento de informações falsas e distorcidas sobre as enchentes, como têm ativamente recompensado os responsáveis por ela.
Há uma confusão proposital na história da perseguição às vozes céticas sobre as teses cientificistas. Afirmam combater o negacionismo do clima no sentido de negação de que os fenômenos ocorriam, quando na verdade, sempre tratou-se da causalidade dos fenômenos. De um lado, ambientalistas insistiam em certo tipo de ação humana, ligada ao capitalismo e ao modelo econômico, como causa das mudanças climáticas. De outro, conservadores insistiam na tese da sazonalidade e da naturalidade dos fenômenos. Após as enchentes no RS, porém, surgiram vozes conservadoras, especialmente ligadas ao cristianismo, que apontaram uma relação nem tão nova entre a conduta moral da sociedade moderna e tragédias vindas dos céus. Isso, porém, acendeu ainda mais o alerta dos fiscais da ortodoxia tecnocrática e panteísta, que só permitem que as tragédias sejam associadas aos hábitos consumistas ou de descaso com a Natureza, ou com uma espécie de vingança da Mãe Natureza. O Criador, porém, não pode entrar nessa equação sobre causalidades ligadas à Criação.
A estratégia de usar o temo “negacionismo”, como já explicamos durante a pandemia, obedece a uma lógica de associação com o neonazismo, falácia sabidamente utilizada com fins na criminalização, uma vez que nazismo é crime. O resultado é que os próprios proponentes das ideias espiritualistas que inspiraram o nazismo é que saem ganhando.
O Instituto Estudos Nacionais publicou, há algumas semanas, o drama do padre que foi denunciado ao MP por ter verbalizado a crença em matérias de fé católica: a possibilidade do castigo divino advindo de práticas ofensivas a Ele. O RS, como foi informado pelo padre, está entre os estados com maior número de terreiros de religiões de matriz africana, que são considerados pela fé cristã como equivalentes ao satanismo. Embora os neopagãos tenham o direito inalienável de afirmar que a moral cristã é a culpada por todos os genocídios existentes na história, os cristãos são proibidos de acreditar que existem religiões falsas que levam ao inferno ou à ira de Deus nesta terra. Acontece que tal proposição é matéria de fé e um católico que não acredite nisso, nem católico é. E agora?
Cristofobia
O Netlab é um grupo extremamente influente na máquina estatal, fornecendo informações para políticas públicas contra cidadãos vistos como inconvenientes. Vindo deles, o governo terá carta branca para criminalizar o cristianismo imitando o imperador romano Nero, que culpava os cristãos por todos os males do Império, chegando ao ponto de incendiar a cidade para culpá-los. Os cristãos atualmente passaram a ser culpados de eventos que vão desde a desinformação aos ataques em escolas, como já vem sendo desenhado por dossiês petistas desde o início deste governo.
Para fazer parte da conspiração, basta que um canal esteja monetizado e diga algo inconveniente aos consensos e preferências dos grupos que se dizem representativos da “ciência”, palavra talismã que evoca todo tipo de boas vibrações e protege contra o obscurantismo.
Não é preciso explicar a ninguém que a alegação de que o Youtube “financia” “negacionismo climático” é uma falácia sem limites de tamanho. Evidentemente, ninguém ignora que a plataforma de streaming exibe comerciais até mesmo em canais não monetizados e que a monetização de um canal obedece a critérios que nada tem a ver com a preferência ou opinião da plataforma, mas a critérios dos algorítmos (embora possam ser alterados). No entanto, depois da Pandemia, sabemos que vale tudo para prender e perseguir. Agora, porém, o alvo é mais específico.
Afinal, questionar as teses mecanicistas ou neopagãs de que a ação humana modifica o cosmos equivale a uma “heresia”, um desvio da fé pública do império do empirismo espiritualista. O Netlab, é claro, não tem pesquisadores, mas verdadeiros centuriões romanos prontos a caçar ameaças à hegemonia política das comunidades científicas escolhidas pelo império metafísico do visível.
Durante a pandemia, a mesma falácia foi utilizada para pressionar plataformas que monetizassem conteúdos sem uma vigilância opressiva em cima dos conteúdos julgados como inconvenientes pelo novo império da verdade. Nem assim, porém, conseguiu calar as vozes que se levantaram e que, aos poucos, foram se mostrando verdadeiras apesar de serem “contra a verdade” do regime.
A perseguição, como purificação da Igreja, tende a aumentar na mesma medida em que os desastres ocorram e que os cristãos permaneçam firmes na fé que professam.