O Ministério Público Federal (MPF) recebeu a denúncia feita pelo deputado estadual Leonel Guterres Radde (PT) à Procuradoria da República em Dourados, contra o padre Paulo Santos pelo comentário em uma homilia dizendo: “há muito tempo o Rio Grande do Sul abraçou a bruxaria e o satanismo”, em referência às tragédias que assolam o estado. A acusação contra o sacerdote é de “preconceito religioso” contra crenças satânicas. Ironicamente, porém, a mesma acusação poderia ser feita contra a própria denúncia, uma vez que a oposição à bruxaria e ao satanismo é matéria de fé cristã. Afinal, se os cristãos devem respeitar o satanismo como tão verdadeiro quanto o Cristo que expulsou demônios, o que sobra de cristianismo?
Com a denúncia, na prática, o deputado se coloca em defesa de cultos cuja essência, do ponto de vista cristão, se manifesta pela clara oposição, radical e odiosa à fé cristã. Será que apenas o ponto de vista satanista conta para a opinião pública?
Em países da Europa, por exemplo, praticantes de satanismo queimam igrejas e atacam símbolos cristãos, blasfemando contra a fé. Se o problema é de “preconceito”, não há outro grupo mais pautado pelo ódio aos cristãos que os satanistas, ao lado dos quais se colocam os defensores da nova “liberdade de culto”
Da mesma forma, quando Deus disse, em Gênesis 3:15, dirigindo-se à Serpente (que era Satanás): “porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a dela”, o Criador determinou que sob a Terra não pode haver paz entre as duas descendências, que representam a Igreja e as forças diabólicas que os satanistas se orgulham de evocar.
Além disso, na profissão de fé católica, o Credo, os fiéis prometem rejeitar o Demônio “autor e princípio de todo o pecado”. Não há no Credo menção a “tolerar o demônio e os seus seguidores”, tampouco considerar como “iguais” ambas as crenças.
No Brasil, segundo o IBGE, o número de fiéis declarados católicos que frequentam a missa de domingo (preceito e mandamento da Igreja) é de cerca de 8%. Isso significa uma grande quantidade de pessoas vivendo em estado de pecado mortal, estado considerado pela Igreja como de “inimizade com Deus”, isto é, sem a possibilidade de salvação caso morra neste estado.
Castigo divino?
Muitas manifestações de cristãos nas redes sociais falaram em “castigo divino” sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. Entre elas, muitas já contam com denúncias, como a de uma influenciadora evangélica e os comentários de internautas denunciados às respectivas plataformas. Em sua maioria, os comentários recordam que o estado do RS é o primeiro do país em terreiros de umbanda e outras religiões de matriz africana, o que é verdade segundo os dados IBGE. O estado gaúcho também ficou famoso por episódios envolvendo o satanismo.
Há alguns anos, ficou famosa a estátua de Baphomet erguida diante de um templo no município de Alvorada, zona metropolitana de Porto Alegre, município que agora tem sido bastante afetado pelas enchentes. Na época, a imagem foi alvo de grande polêmica, mas foi amplamente defendida por grandes jornais, com O Globo, entre outros, que classificaram como uma “religião alvo de preconceito”.
Estes e outros fatos chamaram a atenção de cristãos zelosos com práticas que ofendem a Deus.
Importante recordar ainda que é prática católica a reparação às blasfêmias cometidas por cultos ofensivos à fé cristã. O alerta contra práticas satânica e xamânicas por parte de exorcistas se justifica pela ligação dessas crenças e práticas com situações graves de possessão.
Alguns fatos disseminados nas redes sociais também serviram para que católicos concluíssem que as enchentes eram um castigo de Deus por causa de grandes ofensas, repetindo o que Deus fez no Antigo Testamento.
Poucas semanas antes do início da tragédia no RS, um padre levou um pai de santo para celebrar junto ao presbitério de uma Igreja Católica, o que causou indignação por parte de católicos pelo país. Outras cenas deste tipo costumam ser vistas em todo o Brasil.
O Rio Grande do Sul não tem a exclusividade dos cultos satânicos, o que se compreende ser mais uma razão para que católicos alertem seus irmãos sobre os perigos espirituais dessas crenças, além dos possíveis castigos que hão de vir.
Em Fátima, no ano de 1917, ocorreu a aparição mais importante de Nossa Senhora. Lá a Mãe de Deus previu as duas guerras mundiais como castigo pelas ofensas a Deus por parte da humanidade. Uma das mensagens diz respeito a castigos que virão depois que “Rússia espalhará seus erros pelo mundo”, quando haverá uma terceira guerra e nações serão aniquiladas, além de desastres climáticos.
Também foram considerados “homofóbicos” os comentários que associavam às enchentes à conduta moral do governador gaúcho. O Rio Grande do Sul é o primeiro estado da federação a ter um governador assumidamente homossexual. Desde que se aprovaram leis criminalizando a homofobia, parte da Bíblia passa a ser censurada e proibida de ser mencionada.
Matéria de fé
Os fatos narrados na Sagrada Escritura são matéria de fé para os cristãos e não podem ser relativizados. Na modernidade, porém, cunhou-se o termo “fundamentalismo” para associar às pessoas que acreditam literalmente nas verdades bíblicas. Por essa razão, teólogos modernistas criaram meios de relativizar fatos que comprovam a relação permanente de Deus com a humanidade.
As trágicas imagens vindas do Rio Grande do Sul têm levado cristãos a recordar dos diversos episódios bíblicos em que Deus decidiu punir a humanidade por uma conduta generalizada de ofensa a Deus. Não é possível afirmar com absoluta certeza sobre as causas da tragédia. No entanto, não é novidade que a ofensa a Deus se tornou prática comum e até banalizada, além da relativização da própria ofensa, assim como das verdades da fé e o indiferentismo moral e religioso em que vive a maioria dos cristãos modernos.
Desde a expulsão do Paraíso, Deus pune a humanidade quando esta O ofende e pratica o mal. Assim foi no Dilúvio, em Sodoma e Gomorra, episódios cuja fé na sua veracidade os cristãos não estão dispensados. Pelo contrário, a rejeição a essas verdades podem constituir apostasia formal e separação da Igreja.
Acreditar nas verdades da Sagrada Escritura não é uma opção para o católico, mas uma necessidade diante dos direitos do próprio Deus. No primeiro mandamento, “Amarás a Deus sobre todas as coisas”, está explícita a necessidade humana de culto a Deus e consequente reparação das ofensas cometidas contra Ele, o que implica igualmente à Igreja Católica.
Como se proteger?
Não é o caso, evidentemente, de esperar que essas reflexões sensibilizem o deputado do PT, tampouco algum procurador do MPF. Este artigo não é para eles, definitivamente. No entanto, parece que a indiferença de cristãos sobre a importância das verdades de fé tem criado condições propícias para um tipo de perseguição que ficará cada vez mais comum. Não cabe, portanto, mais cuidado da parte dos cristãos para não ofender satanistas ou seja lá o que for. Cabe, isto sim, uma vigilância suprema sobre nossas consciências para não participarmos da grande ofensa a Deus que se tornou a modernidade e o contexto revolucionário no qual se pensa, age e fala em nosso mundo. As consequências dessa indiferença já estamos vendo.
Pedido de orações
O Instituto Estudos Nacionais faz o apelo a todos os que lerem este artigo para que rezem ao menos uma Ave Maria pelo padre Paulo Santos.
Que Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos conforte e dê força aos sacerdotes e a todo o clero para que tenham coragem de professar a fé dos Santos e Mártires para, assim, enriquecer com as graças vindas dos céus o ânimo dos cristãos que militam neste vale de lágrimas.
IPSA CONTERET CAPUT TUUM