Durante uma época de extrema perseguição, a Igreja encontrava-se com a sé vacante, sem Papa, por longo tempo, no que era chamado de “vicariato”. Mas por volta do ano 300, a Igreja primitiva teve alguma paz com a ascensão do imperador Maxêncio ao trono dos césares. O primeiro Papa eleito neste período foi Marcelo I, que tratou do novo problema enfrentado pela Igreja: como deveriam ser tratados os “lapsis”, aqueles que apostatavam por medo da perseguição.
Menos rigoroso que o Papa antecessor, Marcelino, São Marcelo I não foi, porém, tão clemente com os apóstatas, obrigando-os ainda rigorosas penitências. Mas seu desafio era reintegrá-los, numa época em que a Igreja era chamada a se espalhar devido ao período de relativa paz. Neste sentido, reduziu relativamente as penitências dos apóstatas de modo que voltassem à comunhão com a Igreja. Sob o Papa anterior, aqueles apóstatas se viam irremediavelmente alheios à Igreja e se rebelavam contra ela, tornando-se até perseguidores.
Reinava na Igreja certo caos e confusão em termos de estrutura e institucionalidade, o que coube ao novo Papa resolver. Com lugares santos e cemitérios confiscados pelo Império, São Marcelo reorganizou a estrutura e as atividades da Igreja nascente.
Mas o período de relativa paz não impediu que São Marcelo fosse capturado e preso por Maxêncio. De acordo com uma obra intitulada “Paixão de São Marcelo, escrita no século V, Marcelo I foi tornado escravo do Imperador, obrigado a cuidar do estábulo e sofrendo terríveis humilhações. Depois de certo tempo, conseguiu fugir e se foi encontrado por Santa Lucina, que cuidou dele até ser reencontrado pelo Imperador e obrigado a trabalhar até a morte, quando faleceu vítima dos sofrimentos e maus tratos com que era tratado.
São Marcelo I, Papa, foi integrado na lista de mártires da Igreja Católica em Roma e enterrado na Catacumba de Santa Priscila. Sua memória é celebrada no dia 16 de janeiro.