A Igreja celebra no dia 21 de dezembro a memória da morte de São Pedro Canísio (1521-1597), considerado o mais importante apóstolo a atuar na Alemanha, colocado por Deus ali no momento do nascimento da heresia protestante. Apelidado de “martelo dos hereges”, devido sua clareza e eloquência, foi canonizado e proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XI, em 1925. Seus sermões sobre Maria Santíssima podem ter sido a inspiração para a adição oficial da sentença final da Ave Maria, “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores…”, no Catecismo do Concílio de Trento, em 1566.
Com a morte de sua mãe, Ægidia van Houweningen, logo depois do seu nascimento, foi enviado à Universidade de Colônia, onde terminou seu mestrado com apenas dezenove anos. Desde muito cedo, porém, demonstrava incrível virtude, defendendo em grupos de amigos a necessidade de ser santo, não envergonhar-se das virtudes de piedade, castidade.
Distinguiu-se pela piedade e pureza heróica. Ainda menino, passava horas diante do Crucifixo rezando, além de acordar-se várias vezes na madrugada para rezar. Acompanhava-se de penitências sempre que se oportunizava uma diversão, ainda que legítima, como sacrifícios pelo mal que aqueles hábitos pudessem fazer a outras almas. Aquele era o momento de florescimento de uma das mais danosas heresias da história: o protestantismo.
Embora seu pai tivesse ambiciosas esperanças no futuro do filho, arranjando-lhe um proveitoso casamento, Pedro frustrou o pai devido o seu voto de perpétua castidade. Na verdade, Pedro pretendia ingressar em alguma Ordem, pois queria dedica-se inteiramente a Deus.
Em 1543, integrou a Companhia de Jesus após conhecer Pedro Fabro, um dos fundadores e discípulo direto de Santo Inácio. Pedro tornou-se, assim, o primeiro holandês a se juntar à ordem dos jesuítas. Foi mandado a Colônia, na Alemanha, em companhia de outro jesuíta. Lá, lecionou teologia e pregou em direto ataque à nascente heresia protestante.
Sobre o santo, publicou a revista Legionário, em 1939:
“Seu prestígio era tão grande, que foi mandado para junto do imperador que se achava em Worms, para conseguir a deposição do Arcebispo de Colônia que favorecia escandalosamente a reforma (protestante). Conheceu então o Cardeal Otão de Augsburg, que o delegou como seu substituto no Concílio de Trento. De Trento foi a Roma encontrar-se com Santo Inácio.
O rei Fernando, conhecendo os seus grandes méritos, alcançou de Santo Inácio a sua transferência para Viena, onde o protestantismo tinha causado grande dano. Lá animou os católicos à resistência, governando a arquidiocese por espaço de um ano, recusando depois a dignidade episcopal. Foi aí que, a pedido do rei Fernando, compôs o seu célebre Catecismo, um dos instrumentos mais eficazes de combater ao protestantismo que a Providência pôs à disposição dos católicos.
Enquanto Provincial da Ordem na Alemanha e Áustria, ele impeliu o rei Fernando e o Cardeal de Augsburg a uma forte resistência contra o protestantismo, respondendo com vantagens a Melanchton, descobrindo desapiedadamente as cisões já então nascentes no protestantismo.
Todos os Capítulos realizados em sua vida contaram com a sua presença, assim como o Concílio de Trento, onde foi instrumento da Providência para que as coisas chegassem a bom termo.
A sua vida ativa não impediu que escrevesse muito e tivesse uma vida interior intensíssima. O Papa Pio XI, canonizando-o, mostra claramente ao mundo como um apostolado bem orientado, mas só bem orientado, auxilia a vida interior, encaminhando assim quem a faz à santidade.
Devoção a Nossa Senhora
São Pedro Canísio dizia que, embora existam muitos caminhos até Jesus Cristo, a veneração da Virgem Maria, Mãe de Deus, é o melhor deles, antecipando o que diria séculos mais tarde São Luiz Maria Grignon de Monfort e tantos outros. Pedro explicava a Ave Maria como a base para a piedade católica mariana.
Sua incrível veneração à Virgem Maria pode ter sido a inspiração para que a Igreja acrescentasse, oficialmente, a sentença final à oração da Ave Maria: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte, amém”. A sentença surgiu pela primeira vez nem seu Catecismo de 1555. Apenas onze anos depois, a sentença foi incluída no “Catecismo do Concílio de Trento” de 1566, tornando a oficial.
Como um dos precursores da Mariologia, Canísio a defende em seu livro De Maria Virgine Incomparabili et Dei Genitrice Sacrosancta Libri Quinque, de 1577, considerada avançada para a época neste sentido, justamente no momento em que surgia o protestantismo, fonte de ataques contra a devoção mariana.
Autor
Jornalista e escritor, autor do livro O Sol Negro da Rússia: as raízes ocultistas do eurasianismo, além de outros 5 títulos sobre jornalismo e opinião pública. Editor e fundador do site do Instituto Estudos Nacionais
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