No dia 20 de dezembro, a Igreja celebra a subida aos céus de um de seus santos mártires do primeiro século. Filógono, ou Filogônio, foi o primeiro bispo de Antioquia após o Édito de Milão, em 313, imediatamente após o fim da perseguição aos cristãos no Império Romano. Casado e pai de uma filha, Filólogo foi um importante advogado e famoso por suas virtudes, a tal ponto que, após a morte do então bispo Vital, os católicos o designaram sucessor. São Filógono se notabilizou pela oposição ferrenha à heresia ariana, fortemente promovida na época pelo herege Ário.
A veneração ao santo bispo é conhecida por meio de alguns fragmentos históricos, como de São João Crisóstomo e do próprio Ário. Crisóstomo dedicou a Filógono uma homilia, dizendo que “como advogado, defendeu os homens contra as ciladas dos seus inimigos e defendeu os oprimidos contra os opressores. Como bispo, protegeu os cristãos contra os ataques do diabo”.
Também testemunham a coragem e liberdade de consciência do bispo de Antioquia diante dos ataques do mal, escritos do próprio herege, Ário, em uma carta a Eurébio de Nicomédia na qual se gabava de que quase todos os bispos da Igreja da época haviam aceito suas ideias heréticas, exceto apenas três. O nome de Filógono aparece em meio aos que se mantiveram firmes contra as ciladas demoníacas dos inimigos da fé do início do cristianismo, primórdios da organização da Igreja.
Segundo a tradição, Filólogo morreu no dia 20 de dezembro de 324, pouco antes do grande Concílio de Niceia, que combateu o arianismo contra o qual o bispo lutara heroicamente.
Em 1965, em comentário sobre o santo, o professor Plinio Corrêa de Oliveira considerou a vida de Filógono como exemplo de luta santa por causas santas ao longo da história da Igreja, incluindo os erros protestantes de muitos século depois. “São Filogônio deve ser extraordinariamente digno de nossa veneração, porque foi dos que suscitaram a luta contra um precursor de Lutero, chamado Ario”.
Arianismo e protestantismo
O arianismo foi uma das maiores heresias do período da chamada Alta Idade Média, período de transição entre queda do Império Romano e a formação da Cristandade Ocidental, no século IV d. C. Essa heresia foi assim denominada por derivar-se do nome de Ário, ou Arius, presbítero de Alexandria, no Egito. Foi combatida por sábios da Igreja Cristã Primitiva, como Santo Atanásio.
O arianismo negava verdades da fé cristã, como a Trindade e a Consubstancialidade entre Deus Pai e o Filho. Esta última guarda semelhanças com os erros protestantes surgidos mais de mil anos depois.
Na modernidade, há paralelos com o arianismo antitrinitário surgidos em seitas de origem protestante, como o “semiarianismo”, nome dado a grupos não trinitários não-cristãos, mas que se apresentam como tal. Testemunhas de Jeová, Cristadelfianos, Estudantes da Bíblia Livres, Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora, alguns grupos Adventistas e outros grupos menores, atualmente, dizem professarem o cristianismo.
Já a negação da consubstancialidade leva à negação da presença real de Cristo Eucarístico, tema central do protestantismo moderno e razão pela qual muitos católicos foram levados ao martírio.
Um santo reacionário
O professor Plinio Corrêa considerou o santo bispo Filógono também como um fundador das reações que surgem de tempos em tempos contra erros infiltrados na Igreja.
“Devemos homenagear também aqueles que levantem uma luta santa. Neste caso, são os fundadores da reação. Eles possuem o mérito e a glória de terem sido os primeiros a combater quando estavam isolados e não sabiam com quem haveriam de contar. Tendo corrido o risco da aventura de levantar o estandarte, tornaram-se os pais espirituais de toda a luta que veio depois”, disse Plinio Corrêa.