Em entrevista ao site VRN Times, Oleg Telemskiy, membro russo da Ordo Templi Orientis (OTO), entidade criada por Aleister Crowley, ao comentar sobre a influência mística nas artes e na política, menciona Dugin, que considera o exemplo perfeito de mago negro. É comum que satanistas considerem a sua doutrina o verdadeiro bem e inscrevam alguns de seus autores dentro do que se poderia chamar de “magia branca” ou caminho da mão direita, enquanto, na verdade, são o contrário.
Antes de depositar credibilidade irrestrita nas palavras de um satanista, é importante compreender os limites dela. Telemsky garante que Crowley, por exemplo, não é satanista, o que é um erro. Para ele, isso se verifica pelo fato de o bruxo britânico adorar deuses egípcios, sumérios e fenícios, e não o demônio. Portanto, como qualquer católico sabe que esses deuses são, no fundo, demônios, entende-se o erro.
Mas isso não invalida o que ele diz sobre Dugin. Por que? Enquanto o entrevistado busca amenizar a figura de seu mestre (Crowley), associando as suas doutrinas como boas, por outro lado identifica como malignas as doutrinas de Dugin. Importante ressaltar que a doutrina cristã, para os satanistas, não é má, mas apenas errada. Já a de Dugin…
Partindo desse ponto de vista, Telemskiy critica Dugin duramente.
O trecho da entrevista a seguir foi traduzido do russo por meio de tradução automática, tendo sido comparado com traduções para outras línguas e adaptado.
Quanto a Dugin, tenho uma visão muito negativa sobre ele, como um político que agora assume uma posição ultraconservadora e totalitária, e está fazendo de tudo para separar a Rússia do resto do mundo. Tenho uma atitude ainda mais negativa em relação à entidade mágica que o possui. Atrás dele está o demônio Astaroth. (Astaroth, de acordo com a demonologia ocidental, é um dos demônios de mais alto escalão na hierarquia infernal.) São forças muito sérias do plano infernal.
– Ou seja, eles controlam?
-Sim. E ele mesmo pode não saber disso. Isso não significa que, como nos filmes, um espírito veio até ele e disse: “Obedeça-me, seu imundo!” É que uma determinada entidade começa a canalizar sua energia através de você, e você se torna o porta-voz dessa entidade. Para simplificar, do meu ponto de vista, Dugin é um perfeito exemplo de mago negro. É um homem que começou com simpatia por Hitler, pelo nazismo. Curiosamente, na década de 1990, ele se aventurou na Thelema e até traduziu alguns textos de Crowley. Mas ele rapidamente percebeu que não havia segredo de poder nos textos de Crowley. Ele precisa de poder, assim como qualquer entidade infernal. Dugin é uma força verdadeiramente infernal, terrível. É ele e as forças que o apoiam que têm uma influência muito forte no atual governo.
– E como você percebeu que era o demônio Astaroth que estava por trás de Dugin?
– Nos anos 80, Dugin gravou várias músicas sob o pseudônimo HansZivers, uma delas se chamava “Astaroth”. A todos os fãs e conhecedores de Dugin, aconselho que ouçam esta música. É o único lugar onde ele não está mentindo, onde ele se abriu como está. Esta é a sua verdadeira história…
Não cabe aqui entrar no mérito sobre especulações demonológicas ou teológicas sobre o tipo de possessão mencionada. O fato comprovado aqui é que um ocultista conhecedor das formas de manifestação cultural e política das entidades infernais viu, em Dugin, traços que o chamaram a atenção. O erro de Telemskiy, se pode se dizer assim, é supor que Dugin abandonou Crowley. Na verdade, o projeto da magia do caos, associado à política, pode não parecer a evocação literal de demônios, principalmente devido à sua linguagem tradicionalista que engana inúmeros cristãos e conservadores. Mas sob o ponto de vista do seu método, aí está tudo o que se pode compreender do trabalho de Dugin.