“E como, tão rápido, fez o Sol o trajeto da noite à madrugada?”,
(Dante, ao sair do Inferno e entrar no Purgatório).
“Quem te guiou, iluminando o caminho, para que pudesses deixar o infernal espaço onde é sempre noite escura? Acaso estão anuladas as leis do Abismo?” (pergunta um ancião no Purgatório como Dante havia passado pelo Inferno sendo ele vivo).
Assim como a “ocultura soviética”, que escondia uma vida dupla e noturna dos comissários do povo em meio a palcos de teatro e boemia para disfarçar práticas iniciáticas enquanto ostentava a imagem pública de fiéis seguidores do ateísmo comunista, na sociedade ocidental do final do século passado uma cultura underground foi crescendo por meio da adoração de símbolos da morte, continuação subterrânea do mesmo misticismo neopagão que inspirou tanto a nova era, o nazismo, o socialismo e o novo eurasianismo. A forma como esse processo influenciou a cultura ocidental corresponde à maneira como um lago é gradativamente poluído por uma alga tóxica, evoluindo por um processo químico que ocorre muito longe dos métodos de medição humana até que esteja já suficientemente tomado e só após as primeiras vítimas fatais, é finalmente declarado poluído. Ou, para recorrermos à terminologia de Dugin, trata-se do processo análogo ao eclipse, simbolizado pelo sol negro, ícone ocultista que se traveste de “tomada de consciência profunda”, embora seja o seu exato oposto. É a promessa satânica por excelência: a lua irá se colocar diante do sol, obscurecendo a humanidade enquanto diz apresentar a todos um “despertar”. Mas que tipo de “acordar” pode vir do anoitecer? Para Dante, na Divina Comédia, o Inferno é simbolizado pela noite, enquanto o Purgatório a madrugada e o céu, o amanhecer.
Leia o artigo na íntegra assinando o Observatório, espaço de estudos avançados do Instituto Estudos Nacionais