Renã Pozza
Em 2022, uma grata notícia chegou de Hollywood para os católicos, que celebraram uma ovelha perdida incluída no rebanho. Shia Saide LaBeouf, o consagrado ator de diversos filmes (Transformers 1, 2 e 3, Lawless, Fury e tantos outros) como protagonista ou coadjuvante de relevância, converteu-se. Isto se deu através de sua interpretação no filme “Padre Pio”, de Abel Ferrara.
Maravilha! O Santo de Pietrelcina mais uma vez operando milagres e despertando corações petrificados. Podia-se esperar uma produção de dilatar as almas.
À época, chamou atenção as declarações de LaBeouf sobre sua conversão. O ator dizia que o contato com o latim e com a liturgia do rito tridentino haviam-no sensibilizado, daí o seu chamado à Igreja de Cristo.
O latim é uma língua lindíssima e sagrada e o Missal de São Pio V é, além de belíssimo, extremamente eficaz, sacramentalmente falando. Meu espanto foi por, pelo menos num primeiro momento, Padre Pio não ser mencionado com ênfase.
LaBeouf interpretou o maior santo do século XX e um dos maiores da História, o primeiro sacerdote em dois mil a receber os estigmas de Cristo, o pobre frade que, muito perseguido, teve dezenas de dons extraordinários e milhares, quiçá milhões, de milagres em seu “currículo”.
Padre Pio foi um deboche de Deus ao homem moderno que tem pretensão de saber tudo, e o que converteu LaBeouf foi o latim? Como assim? E o contato do ator com a biografia superabundante, documentada, testemunhada por milhões de pessoas e até filmada, de São Pio de Pietrelcina? Deixei passar batido. “Deus sabe o que faz”, pensei, “verei o filme quando disponibilizado”.
Eis que o assisti esta semana. Um horror, uma porcaria, uma flatulência de cenas monótonas e cobertas de propaganda ideológica.
O conteúdo do filme, simplificando, resume-se em uma “briguinha” local pós-Primeira Guerra Mundial entre fascistas e socialistas. Há pequenos trechos com Padre Pio intercalando as disputas eleitorais e revolucionárias. O Padre Pio aparece reduzido a um frade atormentado, onde até quando conota algo de sobrenatural não se fica claro se é obra de Deus, do diabo ou alucinação. O Padre Pio é retratado como um sujeito mal-humorado e, talvez, possamos até chamá-lo de amargurado. Nada da atmosfera, tanto de perseguições quanto de devoção, que permeou toda a vida adulta do santo capuchinho.
Nota zero para o filme de Abel Ferrara!
Quem poderia ter a pachorra de fazer um filme com esse teor de Padre Pio? Afinal, quem é Abel Ferrara?
Abel Ferrara é o típico cineasta da Nova Era. Acredita em tudo sem ter convicção de nada. Põe em pé de igualdade Sidarta Gautama, Jesus Cristo e Maomé, os maiores homens que já viveram e nos deram o exemplo de como sermos mais humanos, segundo ele. Se diz budista sem considerar o budismo uma religião e tem no Padre Pio seu “maior modelo de espiritualidade”. Ou seja, uma salada de frutas – frutas podres e defecadas.
Desavisados que assistirem a esse filme não conhecerão o real e tangível Padre Pio, mas um simulacro; e digo mais, capaz de não só desconhecerem Padre Pio, mas implicarem com personagem tão problemática.
O filme italiano do ano 2000, “Padre Pio – O Santo de Pietrelcina”, baseado no livro de Renzo Allegri, “Padre Pio: Um santo entre nós”, interpretado pelo talentoso Sergio Castellitto, produzido por Angelo Rizzoli e dirigido por Carlo Carlei, vai por mim, ainda é de longe a melhor pedida.