O filósofo russo cristão ortodoxo, Nikolai Federov, é considerado o iniciador do chamado cosmismo russo, um conjunto de teses filosóficas e reflexões que mesclavam esoterismo, futurismo e especulações tecnológicas com utópicas baseadas nos sonhos da ciência moderna. Devido ao seu materialismo, foi rejeitado e criticado pelos primeiros eslavófilos, assim como é tido como antagonista da visão do cosmos do duguinismo atual. No entanto, como teremos a oportunidade de perceber, essa divergência é apenas aparente. Fedorov unia ciência e esoterismo em uma perspectiva de utopia transumanista profundamente antimoderna. Na verdade, os russos foram os inventores tanto do transumanismo, através das ideias de Fedorov, de quem Tolstoi e Dostoievsky eram admiradores, quanto a proposta do próprio totalitarismo moderno, invenção russa por excelência, a partir de conceitos como os da noosfera, de Vernadsky.
Em 1924, Lênin foi embalsamado em um mausoléu em formato de pirâmide. Embora a era de esoterismo escancarado do regime soviético estivesse no fim, dando origem ao disfarce materialista do regime, eles esperavam o retorno do líder do mundo dos mortos. Tudo graças ao profundo legado esotérico de Fedorov e dos cosmistas.