A imagem da Igreja Católica no mundo ocidental mudou muito desde o início do século XX. Muitos a defendem por sua estrutura caritativa, por suas contribuições históricas científicas, acadêmicas e políticas, como a invenção das universidades etc. Mas essa faceta mais conhecida, institucional e caritativa, que atua no mundo secular e político, bem poderia coexistir com o mundo por mais materialista que este se torne. Há, porém, uma parte da Igreja que foi obscurecida do imaginário popular devido ao foco do jornalismo, da literatura e até da historiografia oficial. E esta faceta é a de longe a mais odiada, contra a qual se construiu a pior da imagens, ao ponto de ela sequer ser compreendida no mundo de hoje. Trata-se da clausura e das ordens religiosas que mais radicalmente praticaram o cristianismo.
É comum que grande parte dos católicos vejam as ordens monásticas católicas com bem menos romantismo do que veem as budistas, tibetanas etc. A radicalidade da prática da oração e da privação, caminho que visa alcançar as maiores graças divinas, em geral é visto com pouco entusiasmo. Na verdade, essa face da Igreja vem sendo ameaçada até mesmo pelo clero, cada vez mais temporal e ligado à ação social e política. Esse foco temporal na ação da Igreja obscureceu aquela face que verdadeiramente sustenta a civilização, razão pela qual o mundo padece de tantos males…