A longa e permanente crise econômica das empresas jornalísticas experimentada no século passado fez com que esses conglomerados de mídia enxugassem as redações e demitissem funcionários. Esse processo ocorreu justamente no momento em que surgiam as faculdades de jornalismo, que formavam centenas de profissionais todos os anos. No início, isso levou à migração de jornalistas para as assessorias de imprensa, ligadas a empresas ou órgãos públicos, dedicadas a trabalhar pautas na mídia através dos chamados “press releases”, textos cujo público alvo são os jornalistas e editores das redações dos grandes jornais. Buscando conquistar espaço nos jornais para os seus clientes, a função do assessor de imprensa é convencer o editor ou repórter de que o tema que ele quer ver publicado é importante. Essa nova necessidade profissional acendeu uma nova luz no modo de fazer jornalismo e as próprias faculdades passaram a ensinar a persuasão, inicialmente de forma genérica, para atrair leitores e a simpatia à empresa assessorada.
O primeiro impacto do aumento da atividade de assessoria de imprensa em relação às redações dos jornais foi a diminuição do trabalho do jornalista. Ao invés de lidar com um fato, ele só precisava ler um texto e escrever uma matéria com base nele. Com o tempo, o trabalho reduziu ainda mais e, hoje, os releases já são tão sofisticados e se adaptam tão bem às necessidades da redação ou do repórter individual, que pode tranquilamente ser utilizado na íntegra. Esse foi o começo da morte do jornalismo. Mas não parou por aí…