O ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, se negou a receber em mãos uma réplica de um bebê de 12 semanas de gestação pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), durante uma audiência na Comissão de Direitos Humanos, nesta quinta-feira (27). A réplica, muito usada por defensores da vida humana desde a concepção, costuma ser entregue a jovens em escolas para a sensibilização sobre o valor da vida.
O senador tentou entregar o objeto em mãos do ministro, como um ato de sensibilização, mas Almeida não se sensibilizou, se ofendeu e acusou o senador de “exploração inaceitável de um problema muito sério”.
“Não quero receber isso por um motivo muito simples. Vou ser pai agora, e sei muito bem o que significa isso”, disse Almeida. “Isso é para mim uma performance que eu repudio profundamente. Com todo respeito, é uma exploração inaceitável de um problema muito sério que temos no país”, disse o ministro, que é um defensor da legalização do assassinato intrauterino no país.
Em mais de uma ocasião, o ministro de Lula defendeu abertamente a descriminalização do aborto e até mesmo das drogas, alegando que isso reduziria a superlotação carcerária, outra bandeira do atual governo. Feitos em borracha, os bonecos de bebês em gestação foram muito distribuídos durante a Jornada Mundial da Juventude, em diversos países.
A reação do ministro diante da tentativa de entregar a réplica de bebê não espantou os defensores da vida intrauterina, por ser recorrente que militantes e ativistas favoráveis ao feticídio se sintam incomodados com este tipo de lembrança literal daquilo que defendem.
Depois da situação, o senador Girão respondeu que a intenção não era ofender.
“Só quero fazer um contraponto muito respeitoso ao ministro, dizendo que não foi brincadeira, isso é algo seriíssimo”, argumentou Girão. “Deixei na mesa desta comissão, entreguei a ministros do Supremo, entreguei a alguns outros ministros que receberam e respeito que o senhor não quis receber”, disse o senador.
Pouco antes do fato, o senador Girão elaborava uma pergunta ao ministro sobre possíveis omissões do atual governo frente à violação de direitos humanos de alguns países, como Rússia, China, Venezuela e Nicarágua. Ao concluir, o senador usou o tema para falar sobre aborto.
Reação
Depois do ocorrido, membros do governo reagiram à tentativa de Girão de entregar a réplica ao ministro, uma prática comum entre defensores da vida. O fato foi recebido como ofensa pela cúpula do governo.
A primeira-dama, Janja da Silva, elogiou a conduta pró-aborto do ministro dos Direitos Humanos em rejeitar a homenagem aos bebês não nascidos. Em suas redes sociais, Janja prestou “solidariedade” ao ministro.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, também criticou a ação de “performance de mau gosto”.