No mesmo dia em que a Justiça suspendeu o Telegram do Brasil por não fornecer dados de usuários, o Ministério Publico Federal (MPF) pediu que o Twitter esclareça a permissão de que usuários trans sejam chamados pelo nome de batismo, o que segundo os propagadores da ideologia de gênero, seria ofensivo.
O documento que questiona o Twitter por excluir a proibição antes existente foi encaminhado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) e pede à plataforma esclarecimentos de como irão “combater a transfobia” após a mudança. O Twitter terá 15 dias para explicar quais serão as medidas tomadas para substituir a proibição abolida que é vista como necessária pelo MPF.
A censura contra postagens que fossem interpretadas como “ódio contra pessoas transgênero”, o que inclui críticas e até piadas, existia desde 2018 como parte de seus dispositivos contra “discurso de ódio”.
A mudança do Twiter foi denunciada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra Brasil), que viram como ofensivo chamar pessoas pelo seu nome quando esse nome é renegado pela pessoa por motivo de “reenquadramento de gênero”.
A ativista do movimento gay norte-americano, Sarah Kate Ellis, disse que o fato de o Twitter reverter a política secretamente é um exemplo “de como a empresa é insegura para usuários e anunciantes”. Outros ativistas vêm atacando mudanças e vinculando ao CEO da empresa, o bilionário Elon Musk, por sua defesa reiterada da liberdade de expressão na internet.
Musk tem visto com preocupação o crescimento da censura, especialmente no Brasil, onde o PL da Censura pretende remodelar a comunicação social do país, devolvendo-o à época pré-internet.
Sarah também ressaltou que a decisão da rede social de Elon Musk está fora de sintonia das políticas adotadas por plataformas como TikTok, Pinterst e Meta, que mantêm, segundo ela, medidas para “proteger seus usuários transgêneros em um momento em que a retórica antitransgênero on-line está levando à discriminação e violência no mundo real”.
Repórter da Catholic News Agency, Tyler Arnold ressaltou que “antes dessa mudança, as restrições de conduta odiosa eram usadas para banir ou restringir usuários que criticavam o movimento transgênero.”
A decisão do Twitter de acabar com a política contra o uso de nomes de batismo de pessoas trans vem em acordo com a promessa de Elon Musk de expandir a liberdade de expressão na plataforma. “O empresário havia sinalizado anteriormente sua oposição ao politicamente correto”, relembra Arnold.