No mesmo dia em que houve o massacre na escola de Blumenau, o comentarista da Globo News, Otávio Guedes, foi rápido em culpar a direita, o discurso “bolsonarista” e o homeschooling, como um suposto “discurso anti-escola”, entre outras coisas. Mas há um motivo muito óbvio que explica a sua rapidez em expor tal conclusão.
O jornalista, ou a produção do programa, devem ter percebido que o aumento da insegurança nas escolas era um argumento forte na defesa da educação domiciliar, prática de mais de 35 mil famílias pelo Brasil, de acordo com a Associação Nacional de Ensino Domiciliar (Aned). Sem uma lei que a regulamente, a educação pelas famílias que assim desejam vem sendo cada vez mais perseguida judicialmente e por militantes, ativistas de coletivos e movimentos financiados por bilionários.
A estratégia foi demonizar logo de cara qualquer defesa do homeschooling e associá-lo imediatamente aos massacres, o que foi feito mediante uma livre associação sem contexto e propositadamente falaciosa. O que, porém, parecia um artifício pobre embora audacioso, acabou funcionando muito bem e criou uma espiral do silêncio em torno do assunto.
A teoria da espiral do silêncio, criada pela cientista política Elisabeth Noelle-Neuman, diz que certas opiniões são silenciadas quando o indivíduo percebe que não serão bem recebidas na opinião pública, seja por serem minoritárias ou por estarem de alguma forma carregadas de negatividade. Essa carga negativa, assim como a impressão de ser minoritária, pode ser evidentemente lançada por grupos de pressão e de interesse que detenham os meios narrativos. Disso há centenas de exemplos.
A grande maioria da população brasileira é contrária ao aborto, o que não impede que jornais e políticos tratem do tema como “polêmico”, como se ele “dividisse opiniões”. Dividir opiniões significa estar em número semelhante ou equivalente, provocando um tipo de equilíbrio que tornaria o tema delicado. Na verdade, o tema pode dividir opiniões apenas se considerarmos que os defensores possuem uma força política e midiática tal que suplanta ou produz um equilíbrio diante do imenso quantitativo de pessoas que são contrárias. Muitos outros temas repetem essa dinâmica e a razão disso é a forte atividade de militância financiada por grupos bilionários para influenciar a opinião pública e fazer valer pautas que carecem de defensores ou advogados eleitos pela população.
Assim como o exemplo do aborto, o tema do homeschooling se tornou proibitivo durante os dias que se seguiram ao massacre ocorrido na escola de Blumenau, que problematizou a segurança nas escolas e as razões ideológicas ou psicológicas para o fenômeno. Essa proibição implícita se deu principalmente pela fala de Otávio Guedes, cujo próprio absurdo da declaração auxiliou a sua disseminação e consequente efeito de constrangimento, gerando silêncio e passividade em relação às teses que a própria esquerda alardeava em seu púlpito do governo e dos jornais.
As teses da esquerda podem ser resumidas no relatório apelidado no EN de Minorty Report Petista, que procurou associar a história dos ataque em escolas à ascensão de ideias conservadoras de maneira a perseguir os opositores do governo. O caráter preventivo do relatório fez com que os especialistas consultados por jornais alegassem a ineficácia de colocar guardas armados em escolas, porque, afinal, era mais importante “impedir a cooptação de jovens por discursos extremistas”. Isso evidentemente significava perseguir as vozes de direita ou de oposição ao governo, repetindo o mesmo expediente do que foi feito em 8 de janeiro, quando milhares de manifestantes foram presos simplesmente por terem se manifestado contra o presidente que havia tomado posse.
Com a demonização imediata do homeschooling, não foi só a solução mais óbvia na mão da direita que ficou proibida, mas toda a sua possível explicação para o fenômeno da violência nas escolas acabou constrangido pela imediata resposta e pela antecipação da esquerda. Explicações como as do relatório mencionado, por exemplo, primam pela falsificação descarada da realidade, que insere no mesmo saco grupos neonazistas, problemas psicológicos, bullying nas escolas, famílias desestruturadas, com protestos de 8 de janeiro, bolsonarismo e já há até quem culpe as mudanças climáticas.
Com isso, ficaram de fora as reais razões por trás dos problemas educacionais dos últimos anos, cuja natureza só poderia ser lembrada por quem acompanha de perto e busca contê-los há vários anos: o número de problemas causados pela esquerda nas escolas justamente sob o pretexto de resolvê-los compõem uma lista longa e tediosa, começando pela educação sexual que propunha reduzir a gravidez na adolescência e acabou justificando a defesa do aborto, passando pela agressão da imposição da ideologia de gênero, impedindo e mutilando o natural amadurecimento de seres humanos em crescimento colocando-os contra os pais, contra a família e contra toda a sociedade.
A progressiva transformação de estudantes em militantes violentos e radicais não é nenhum fenômeno novo. A escola virou um ambiente de conflito e guerra cultural, conduzindo e obrigando crianças e adolescentes a tomar parte de uma guerra de subversão de valores e costumes justificados por teses destrutivas e antissociais para as quais a sociedade, a família e a religião, são “estruturas opressoras” e malignas. O resultado disso é o aluno ser “libertado” da opressão de sua circunstância familiar e natural para ser escravizado em nome de sistemas ideológicos e programáticos controlados por megacorporações.
Nas redes sociais de pais e mães, galerias de fotos mostram um antes e depois de meninas e meninos quando entraram na faculdade, confrontando suas imagens de anos depois de transformadas em monstrinhos, bizarras criaturas cuja aparência, comportamento e crenças foram completamente instrumentalizados para uma guerra de subversão e destruição da sociedade, regada pelo dinheiro de fundações internacionais e famílias dinásticas cuja “estrutura opressora” e longeva é justamente o que lhes confere o poder suficiente para submeter professores e alunos a uma agenda que acreditam ser “libertadora”.
Na pandemia, quando foi divulgado que as crianças não adoeciam gravemente para a covid-19, mas podiam transmitir a doença facilmente, a primeira medida dos adultos foi retirá-las da escola, a fim de salvar os pobres adultinhos. Sob o pretexto da sua vidinha valiosa, esses adultos que propuseram a ideia consentiram em mantê-las em casa. Mas parece que diante dos massacres em escolas, quando as crianças estão literalmente na mira de assassinos, o problema não parece ser assim tão grave ao ponto de regulamentar o homeschooling para quem possa, pois parece uma medida muito radical e, quem sabe, até desumana. Exceto quando foi para proteger os adultos.
O mesmo aconteceu quando começou a injustificada e monstruosa vacinação de crianças contra covid-19, alertada por tantos médicos e pediatras sobre os riscos de submeter crianças a produtos não testados suficientemente nessa população. Mas era, novamente, para proteção dos adultos. As crianças, como sempre, foram escudos dos adultos e isso nos diz muito sobre quem ou o que somos.
O caráter de uma civilização é medido pela forma como trata os mais vulneráveis. Mas tem sido preciso uma intensa lavagem cerebral, onipresente na mídia, escolas e universidades, com dinheiro internacional para convencer de que os mais vulneráveis podem ser as mulheres adultas, os homossexuais, os travestis, as prostitutas e até os bandidos, mas jamais as crianças. A pergunta feita pelo infectologista Ricardo Zimermann durante a vacinação infantil contra covid, permanece: quando, afinal, vamos pensar nas crianças?
A esquerda está pensando: contra o bullying, a violência e o preconceito, ela quer montar um verdadeiro comitê de censura em cada escola para vigiar opiniões políticas e morais. Não precisa ser gênio para prever que isso trará ainda mais conflito, o que será obviamente creditado à direita opressora e às ideias anti-escola do homeschooling e não ao conflito permanente gerado pelos inimigos de qualquer liberdade de expressão, de educação e de religião.