O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou nesta terça-feira (11) para a China logo após o país fazer exercícios militares em torno da ilha de Taiwan. Além de parcerias comerciais com chineses, Lula pretende tratar com Xi Jinping sobre a guerra na Ucrânia após sugerir que o presidente ucraniano ceda parte do território à Rússia.
A viagem ocorre um dia depois da China fazer exercícios militares em torno da ilha de Taiwan, colocando o país em alerta e mobilizando tropas dos EUA, que apoia Taiwan. As manobras chinesas ocorreram via aérea e marítima, sobrevoando os flancos norte, leste e sul da Ilha de Formosa, como era chamada pelos portuguêses. Os exercícios ocorreram em possível resposta ao encontro entre a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, na Califórnia.
Formada pelo antigo governo nacionalista da China expulso pelos comunistas, Taiwan é oficialmente conhecida como República da China, em oposição à República Popular da China. Desde então, a China boicota países e faz pressão internacional para o não reconhecimento de Taiwan como nação soberana. Leia a história heroica dos chineses de Taiwan.
Lula vai à China negociar o polêmico plano que envolve a produção do agronegócio brasileiro, que deve ser penhorada como garantia de pagamento aos chineses em um acordo de cooperação para revitalização de campos e propriedades brasileiras. Na última semana, o EN detalhou um plano de parceria que inclui o pagamento de tecnologia chinesa com os produtos do agronegócio brasileiro, convertendo, na prática, os produtores em escravos da China.
Em sua reunião com o ditador chinês, Lula também pretende tratar sobre “questões de governança global” com os chineses. Além disso, Lula também participará da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como presidente do banco do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na volta fará uma parada nos Emirados Árabes Unidos.
Em 2022, em situação semelhante, o ex-presidente Jair Bolsonaro viajou à Rússia para negociar fertilizantes e parcerias comerciais com o país, sendo criticado pela visita feita quando Vladmir Putin preparava a invasão militar contra a Ucrânia. Na ocasião, jornais especularam possível apoio de Bolsonaro à invasão russa ao país vizinho. Passados mais de um ano do início da ofensiva, o mundo vê Lula, e não Bolsonaro, dar suporte à invasão e estimular especulações sobre possível aliança do Brasil ao lado russo-chinês.
A visita de Lula à China, em momento de ofensiva a Taiwan, também se dá após a histórica reunião entre Xi Jinping e Putin, que viajou à Rússia para manifestar a aliança considerada inquebrável entre os dois países. Durante toda a guerra da Ucrânia, a China manteve seu apoio e auxílio econômico à Rússia quando o país foi alvo de sanções de países ocidentais.
Lula e Rússia
Na última semana, Lula sugeriu que o presidente ucraniano, Zelensky, entregasse parte do território de seu país à Rússia, como alternativa a cessar os ataques. A sugestão causou preocupação internacional devido a um possível alinhamento do Brasil ao lado russo.
De acordo com o jornal Estado de Minas, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, deve chegar a Brasília no dia 17 deste mês, com previsão de que ele faça uma visita de cortesia ao governo brasileiro. No entanto, deve trazer ao país uma carga de 5 toneladas, que está na aeronave que realizará o voo. Atualmente, o avião está parado na Argentina e a carga não é de conhecimento do governo brasileiro.
Além desse fato, a comitiva russa trará ao Brasil cerca de 18 agentes de inteligência, em uma visita que produz certa tensão em meio a guerra na Ucrânia, criando preocupação de governos dos EUA, Ucrânia e países aliados, tanto sobre o conteúdo da carga misteriosa quanto sobre a visita em momento de escaladas militares.
Há a suspeita de que se trate de armamento ou materiais bélicos para uso por parte da Rússia. A viagem do ministro russo ocorreu depois de uma viagem discreta à Rússia do assessor especial da presidência, Celso Amorim, que teve reunião com Vladmir Putin.
Parlamentares da oposição anunciaram que irão solicitar informações sobre a viagem ao Itamaraty, tendo em vista que missões diplomáticas que passam pelo Brasil não estão sujeitas a controle dos órgãos de fiscalização.