O jornal britânico Daily Mail noticiou neste sábado (8), que o rei Charles III, do Reino Unido, estaria entrando em conflitos com a Igreja Anglicana por desejar uma cerimônia de coroação “multirreligiosa”. O rei é conhecido por sua perigosa proximidade com o Islã, o que tem se chocado com autoridades religiosas uma vez que o rei deve ocupar o posto de chefe da Igreja na Inglaterra.
De acordo com a lei canônica nacional, muçulmanos, hindus ou judeus não podem participar de orações em cerimônias da Igreja Anglicana. De acordo com o site britânico, a polêmica entre o rei e o clero anglicano teria atrasado a Ordem de Serviço da Coroação, faltando menos de um mês para a cerimônia.
Neste final de semana, o Palácio de Lambeth, em nome do Arcebispo de Canterbury e do Palácio de Buckingham, emitiram uma nota dizendo que “os detalhes sobre o serviço de coroação serão divulgados no devido tempo”.
Rumores
A polêmica em torno da real religião do agora rei Charles é antiga e remonta à década de 1990, mas carregada de certo segredo apesar de bem conhecida. Os rumores de uma conversão em segredo foram desmentidos pelo Palácio, o que acabou fazendo o assunto sair das manchetes.
De acordo com o correspondente brasileiro Ivan Kleber, que mora no Reino Unido, a proximidade de Charles com o Islã é algo público, embora se fale pouco disso abertamente no país.
“Este ano, por exemplo, algumas ruas de Londres foram decoradas para comemorar o Ramadã [festa islâmica]. E eu não vi muita coisa sobre a Páscoa. Isso é uma pura influência dele, por exemplo”, contou Kleber em contato com o site.
A ligação de Charles com o Islã não é nova. Em 1993, o então Príncipe de Gales discursou ao mundo ocidental sobre a importância de valorizar a tradição islâmica. Ele falou a estudantes no Sheldonian Theatre, Oxford, por ocasião de sua visita ao Oxford Centre for Islamic Studies. Nele, Charles critica a visão “estereotipada” e intolerante que os ocidentais têm do Islã. O texto foi publicado em um site muçulmano.
No entanto, as revelações que provocaram as suspeitas mais contundentes se deram anos mais tarde, o que mostra que o então príncipe deveria estar em fase de transição ou aproximação com o Islã.
Em um artigo publicado em 1997, intitulado “Príncipe Charles da Arábia“, Ronni L. Gordon e David M. Stillman analisaram evidências de que o então príncipe herdeiro britânico poderia ser um segredo convertido ao Islã. O texto traz uma coleção de declarações públicas que o confirmaria e analisam ainda os primeiros debates sobre o tema, ainda nos anos 1990, que foram posteriormente desmentidos pelo Palácio.
“Você sabia que o príncipe Charles se converteu ao Islã. Sim, sim. Ele é muçulmano. Não posso dizer mais. Mas aconteceu na Turquia … Ah, sim, ele se converteu bem. Quando você chegar em casa, verifique com que frequência ele viaja para a Turquia. Você descobrirá que seu futuro rei é muçulmano”. A série de comentários foi respondida pelo Palácio, que tentou desmentir.
“Bobagem”, respondeu um porta-voz do Palácio de Buckingham, negando a suposta conversão de Charles. Lord St. John de Fawsley, um especialista constitucional, disse que “o Príncipe de Gales é um membro leal da Igreja da Inglaterra”.
Algum tempo depois, um vazamento para a imprensa informou sobre o “desejo de Charles de desempenhar um papel maior na Igreja da Inglaterra”, uma aparente tentativa de apagar o incêndio provocado pelos comentários, embora parte da imprensa já o tivesse reduzido a cobertura para proteger a monarquia, como frequentemente ocorre no país.
“Os rumores sobre a conversão do então príncipe de Gales ao Islã podem ser imprecisos, diz o site Middle East Forum, mesmo assim, o fato de porta-vozes oficiais e não oficiais se sentirem compelidos a negar esse fato resulta da persistente especulação sobre a lealdade religiosa de Charles que surge de suas declarações e ações dos últimos anos”.
Mais recentemente, porém, o ainda príncipe deu declarações polêmicas em defesa da lei islâmica, elogiando a posição de mulheres muçulmanas como uma “solução para as doenças britânicas”. Os autores que difundiram a suspeita disseram, na época, que “se Charles persistir em sua admiração pelo Islã e difamação de sua própria cultura, Sua ascensão ao trono, de fato, inaugurará um ‘tipo diferente de monarquia'”.
Mais tarde, em 21 de junho de 2004, o sultão Hassanal Bolkiah de Brunei concedeu ao então Príncipe Charles um prêmio de US$ 50.000 escolhido por um júri internacional criado pelo Centro de Estudos Islâmicos de Oxford por sua contribuição para entender o Islã no Ocidente durante uma cerimônia em Londres. Charles foi o primeiro não-muçulmano a receber o prêmio estabelecido em 1992.
Até mesmo na sua agenda ocidental, o ambientalismo, Charles inseriu inúmeras citações e motivações islãmicas.
Em 2006, houve uma forte reação a um relatório da Agência de Notícias do Kuwait que dizia: “o príncipe Charles disse que os problemas mundiais poderiam ser resolvidos seguindo ensinamentos islâmicos, já que o Islã é uma religião de paz e fraternidade”. Na verdade, Charles citou o Alcorão como forma de fundamentar o ambientalismo.
A sobrevivência deste planeta dependerá de você entender que você pode alcançar a unidade através da diversidade; que você pode de fato construir sobre a vida, tradições atemporais que fazem parte de sua cultura única e ainda são “modernas”. Também dependerá de você perceber que a crise planetária que enfrentamos é tão profunda em suas consequências em rápido desenvolvimento que simplesmente não podemos nos dar ao luxo de continuar brigando entre nós enquanto destruímos o mundo ao nosso redor a uma taxa verdadeiramente assustadora. Como diz no Alcorão – “Só eles prestam atenção quem tem corações; só eles acreditam (ou vêem sinais) que têm corações.” Você viu os sinais? Você vai confiar no que seus corações estão lhe dizendo?
Islamização do Ocidente
Por sua vez, o filósofo Olavo de Carvalho, que tinha grande conhecimento de seitas esotéricas islâmicas, as tariqas, afirmou mais de uma vez sobre a certeza de que Charles é, mais ou pior do que muçulmano, parte de um projeto mais amplo que une globalistas, islâmicos e o bloco russo-chinês. No artigo intitulado Para compreender a revolução mundial, publicado em 2007, no jorna Diário do Comércio, o filósofo diz:
“O príncipe Charles aparece de vez em quando como um simples mecenas, protetor da arte e da cultura islâmicas no seu país, mas, acreditem, isso é só uma fachada. Ele está pessoalmente ligado a uma organização esotérica fundada por Frithjof Schuon, o místico muçulmano, suíço de nascimento, que ao voltar de uma viagem iniciática à Argélia nos anos 50 prometeu islamizar a Europa no prazo de uma geração. Schuon morreu, mas seu trabalho, extremamente bem sucedido, continua através de dedicados sucessores. A influência incalculavelmente vasta e ao mesmo tempo discretíssima que ele logrou obter sobre a elite intelectual e política européia é invisível ao grande público, mas sem ela o mero afluxo de imigrantes não teria o dom de transformar o Islam na única autoridade religiosa que tem o poder de vergar a espinha do governo britânico, e de fazê-lo até mesmo em nome de uma exigência absurda, ofensiva em último grau”.
Olavo de Carvalho demonstrou ainda outras muitas vezes a existência do projeto de islamização através da influência do místico francês Renê Guénon e seus tentáculos entre grupos e movimentos na Europa e até no Brasil.
No artigo Garras da Esfinge, publicado em 2016, ele fala mais especificamente sobre esse projeto.
René Guénon prevê três desenvolvimentos possíveis do estado de coisas no Ocidente:
1. A queda definitiva na barbárie.
2. A restauração da tradição católica, sob a orientação discreta de mestres espirituais islâmicos.
3. A islamização total, seja por meio da infiltração e da propaganda, seja por meio da ocupação militar.Essas três opções reduziam-se, no fundo, a duas: ou o mergulho na barbárie ou a sujeição ao Islam, seja discreta, seja ostensiva.