Todos conhecem a história de Minority Report, o futuro distópico que virou filme, no qual a criminologia chegou ao nível da previsão tão alto que passou a prender potenciais criminosos antes mesmos que atuem contra a lei. Pois essa realidade já existe na mente dos vigilantes da “desinformação” lidos e consultados pelo atual governo, assim como pelos técnicos das big techs. Que tal ser enquadrado ou censurado antes de disseminar uma postagem, opinião ou notícia, que seja considerada falsa pelas autoridades?
Os processos de vigilância da informação já utilizam a Inteligência Artificial há muito tempo. Não é à toa que até mesmo Elon Musk se viu com medo do que a novidade pode causar. Mas o temor de que a IA saia do controle do ser humano pode ser pouco realista, já que o pleno controle humano da tecnologia já se apresenta com potencial danoso o suficiente para a democracia. Quem teme a Inteligência artificial é porque ainda não sabe do que já são capazes certos humanos financiados por bilionários com sonhos distópicos prontos a serem realizados.
Já em 2019, começou a atuar no Brasil a milícia de terrorismo cibernético Sleeping Giants. Ligada às maiores agências de propaganda do mundo, o Giants tem como modo de atuação a pressão, o constrangimento e a ameaça a empresas que têm anúncios em páginas consideradas proibidas. Por meio do Google Ad Sense, a distribuição de anúncios é feita de maneira automatizada de acordo com o interesse e o acesso, remunerando sites e blogs por isso. No entanto, é possível a qualquer empresa fazer uma lista de sites onde não gostaria que seus anúncios aparecessem. O trabalho dos terroristas cibernéticos é ameaçar com contra-propaganda as empresas que não puserem certos sites em sua lista negra de “disseminadores de ódio, fake new” etc.
Em 2023, eles promoveram uma campanha de pressão a anunciantes da Jovem Pan, acusando a emissora com seus rótulos de estimação: “espalhar discurso de ódio, negacionismo ou bolsonarismo”, seja lá o que isso seja. Esse tipo de boicote é facilmente classificado como censura quando praticado contra o jornalismo. No entanto, diante de decisão judicial favorável à Jovem Pan, os terroristas tiveram a cara de pau de acusar a Justiça de praticar nada menos do que “censura”.
O Sleeping Giants inaugurou a prática chamada deplatforming, ou seja, retirar sites de suas plataformas por meio da pressão frente às empresas tecnológicas como Google, Youtube, Facebook e Twitter. Diante das fragilidades do método da checagem posterior das notícias, a chamada refutação, a opção por métodos de “checagem preventiva” começaram a ser debatidos. Isso tudo demandaria uma já estruturada plataforma de vigilância da informação (ou melhor, da opinião), que pudesse impedir que as “notícias falsas” fossem publicadas e tivessem seu efeito.
Em junho de 2021, David Nemer, uma espécie de vigilante justiceiro “independente” que recebe bolsas internacionais para “monitorar a extrema-direita” (ainda falaremos dele noutra oportunidade), postou uma observação curiosa em seu Twitter:
“Deplatforming (retirar da plataforma) a extrema direita funciona! Eu vejo isso na minha própria pesquisa- por mais que hoje o Telegram seja o antro da extrema direita no Brasil, eles estão longe de ter o mesmo alcance que tiveram em 2018 como WhatsApp”.
Nemer se referia a um estudo divulgado pelo perfil de um outro pesquisador de tecnologia que mostra simulações das redes sociais indicando uma verdadeira queda no alcance de perfis conservadores a partir de ações de deplatforming, ou seja, a partir da censura feita através das próprias plataformas, seja por meio de denúncias ou de bloqueios oriundos da própria empresa, com a alegação de violação das políticas, entre outros meios. A tendência, segundo eles, é a de que os canais da direita migrem para plataformas alternativas, o que reduz drasticamente o seu alcance nos ambientes tradicionais, viabilizando, assim, uma das metas dos grupos revolucionários que é o silenciamento ou desaparecimento das críticas às suas teses. Mas, segundo eles, isso não é suficiente porque não tem o poder de varrer os conservadores da face da Terra.
Com objetivo da supressão completa das versões conservadoras (ou podemos apenas chamar de críticas à esquerda e ao establishment), seria preciso, segundo eles, um aprofundamento da censura, é claro, eufemisticamente chamado de “prenunciar” ao invés de “denunciar”. Eles perceberam que o problema das “fake news” não é resolvido apenas retirando do ar ou refutando as informações supostamente falsas. O problema é a credibilidade que elas têm em meio a um tipo específico de público, o que virou matéria de análise aprofundada. Mas como eles pretendem fazer isso?
O debate sobre o aprofundamento da censura pode ser explicado com a ajuda de uma analogia com o drama vivido pelos marxistas, na primeira metade do século passado, quando perceberam a completa inviabilidade da doutrina de Marx e tiveram, mesmo assim, o impulso de rearranjar a ideologia, a chamada práxis. Eles haviam percebido que o proletariado não possuía uma consciência de classe que gerasse solidariedade suficiente para a sua mobilização revolucionária na derrubada do sistema. Eles perceberam que o problema era mais profundo e que as solidariedades estavam difusas em outras instituições, os chamados aparatos repressivos do Estado: a família, a religião e o estado. Destes, os dois primeiros foram de especial interesse. Separar o homem da família e da religião poderia, em curto espaço de tempo, torná-lo suscetível às emoções revolucionárias de adesão à revolução. Em outras palavras, os marxistas perceberam que a realidade era mais complexa e que não era possível facilmente alterar o mundo à imagem e semelhança do que Marx havia previsto. O homem não era aquilo que os revolucionários imaginavam e havia uma raiz profunda ligada a valores que os impedia de transformar devidamente o homem.
Da mesma forma, é o que os checadores estão percebendo aos poucos. Eles entenderam que não basta refutar as “notícias falsas”, porque elas dependem de uma visão de mundo, um conjunto de valores sendo aplicados de uma forma não controlável pelos que desejam manter em suas mãos o monopólio da credibilidade. É preciso, portanto, atacar a credulidade nas “fake news”, isto é, a disposição humana a suspeitar das instituições estabelecidas e dos veículos dos grandes grupos de comunicação e suas teses.
O artigo de Alexandre Brasil da Fonseca, intitulado “Desinformação nas ciências e nas notícias: mais do que denunciar é preciso prenunciar”, aprofunda a discussão e fornece um panorama claro do que há de vir da sanha censuradora da checagem tecnológica, baseada cada vez mais no aprofundamento de sistemas de vigilância cada vez mais centralizados.
“Da mesma forma que a indústria de petróleo polui o meio ambiente, a indústria digital polui a sociedade com a disseminação da desinformação. É uma necessidade que alimenta a sua existência, pois aumenta a adesão e a permanência dos usuários nas plataformas. Em dias de pandemia isso se mostrou ainda mais grave e preocupante, levando a UNESCO a cunhar um novo termo: desinfodemia”
O artigo trata a sua grande emergência global da chamada desinformação como uma substância que polui a sociedade, uma doença. Fica clara a intenção de oferecer uma espécie de cura, o que diz muito sobre como os engenheiros da censura vêem a si mesmos. Uma das teses do artigo é a de que o meio digital eliminou uma distinção construída a duras penas entre as redações e o setor comercial, a venda de anúncios. Isso, segundo o autor, teria sido graças à monetização, sendo, por isso, um dos alvos principais dos que desejam censurar. O grande problema do novo modelo, segundo o autor, é o fato de a publicidade não estar mais nas mãos das empresas de comunicação, mas nas do cidadão comum.
O que muda no século 21 é que os principais meios de comunicação, os espaços que detêm os anúncios, não são mais as empresas de comunicação, mas sim as plataformas com seus sites e aplicativos. A informação está ao alcance das mãos com os smartphones representando o maior tempo de tela das pessoas e sua principal fonte de informações.
Chamando a atenção para a automatização dos anúncios, o artigo mostra a grande preocupação com a mais livre circulação do dinheiro e o “escape” desse montante das mãos zelosas das grandes empresas de comunicação. Embora concentre-se em certa crítica justificada na liberdade das empresas de tecnologia (big data) de comercializar dados de usuários, o artigo se concentra, na verdade, num risco bem maior para os conglomerados que desejam monopolizar a verdade.
O artigo repete um expediente que ficou comum na alegação de grandes jornais e agências contra sites independentes: o de que eles estariam sendo pagos pelo governo Bolsonaro por meio das ferramentas do Google AdSense. Para coibir este tipo de prática, o artigo cita as estratégias legislativas de controle da desinformação, ressaltando que são insuficientes justamente porque comete o erro de “combater a desinformação após a sua veiculação”. E cita um fato interessante.
Um grupo de pesquisadores liderados pelo psicólogo Sander van der Linden, da Universidade de Cambridge, recomendaram a uma comissão de inquérito no legislativo britânico que “o Parlamento não deveria se concentrar em ‘corrigir’ a desinformação após o ‘fato’, mas sim em evitar que ela se enraíze em primeiro lugar”.
Mais adiante, acrescenta sobre o “problema” de que a divulgação científica deixe passar “informações conflitantes”.
O campo da divulgação científica também se vê diante de um grande desafio na atual situação em que há um enorme conjunto de informações equivocadas e conflitantes. Vemos a existência de alguns profissionais de saúde e cientistas que parecem desconsiderar consensos e posturas baseadas em evidências ao lado do aumento de pessoas que adotam o negacionismo científico. Assim, junto às temáticas climáticas e ambientais, vemos agora um conjunto de afirmações relacionadas à virologia ou epidemiologia que sofrem os efeitos da desinfodemia.
É justamente o crime de “desconsiderar consensos” científicos que os jornalistas e usuários da internet precisam ser coibidos antes de que sua informação tenha efeitos indesejados na narrativa dominante. Mas, enfim, após enumerar os problemas a serem enfrentados, o artigo começa a dar as suas soluções, que estão na linha da velha tática da desconstrução dos valores, o que para o autor significa “ir além da discussão dos fatos”. Até porque, isso se tornou impossível quando se está mentindo, não é?
Essas discussões envolvem tanto a compreensão da importância dos valores, como da confiança e de que a refutação deve ir além da discussão dos fatos. Nas disputas que envolvem a desinformação, há lógicas e visões de mundo que também precisam ser refutadas.
Lógicas e visões de mundo precisam ser refutadas para que elas tornem inverossímeis qualquer falha no sistema ideológico dominante. O autor sugere que a prática da checagem aborde, além dos fatos, os valores envolvidos. É isso mesmo. Estamos diante da admissão de que o objetivo da checagem é “checar” opiniões, crenças, valores. Isso se torna ainda mais claro e declarado na seguinte sentença.
Há uma questão importante que Zollo e colaboradores ponderam: “As nossas descobertas sugerem que o principal problema por detrás da desinformação é o conservadorismo e não a credulidade”. É importante considerar que a questão que está posta não se concentra simplesmente na dimensão factual; há todo um conjunto de relações, crenças, valores e emoções – isso ao lado de relações de confiança e de interesses políticos e financeiros – que movimentam e dão sustentação a todo um sistema de desinformação.
Agora, vejamos. A causa do aborto, segundo essa lógica, seria não o objetivo de salvar a vida de inocentes e criar meios de que eles não morram mais. Ela pode ser o mecânico e lógico resultado de “crenças, valores e emoções”, que podem representar, sim, interesses políticos – afinal, se sou contra o aborto, quero eleger políticos contra o aborto – e financeiros – posso vender livros contra o aborto. Em que medida isso torna a proteção da vida do inocente uma “desinformação”. Isso nos serve para observar o quanto qualquer causa, mesmo a atividade dos santos e mártires da humanidade, poderia ser objeto de investigação por seus supostos “interesses escusos”. Tudo é possível quando se se propõe a ir “além dos fatos”, convertendo interpretações em verdades absolutas, quase fatos concretos e inegáveis. Como disse o autor, a questão que está posta não se concentra simplesmente na dimensão factual. Ou seja, os fatos não importam. Não importa quando começa a vida, até porque isso também não é importante para os que defendem o assassinato intrauterino. Eles matariam mesmo sabendo que se trata de uma vida humana. A questão é combater crenças, valores e emoções. A emoção de se ver um feto numa lata de lixo, por exemplo?
O artigo citado pelo autor também revela muito dos estudos por trás da checagem de fatos, demonstrando uma verdadeira rede de cientistas que não estão tão interessados na verdade, mas em uma conversão, transformação das mentalidades para a ampliação do controle sobre elas. Toby Bolsen, James N. Druckman, no artigo intitulado Counteracting the Politicization of Science (reagindo contra a politização da ciência), publicado no American Journal of Politic Science, fala sobre a necessidade controversa de recolocar a ciência dentro de um contexto de credibilidade de grupos e instituições, afastando-a da autoridade inerente ao seu método, o que consideram uma estratégia para politização. É isso mesmo. Em seu resumo, os autores enfatizam que a politização da ciência ocorre em uma “tendência a enfatizar a incerteza inerente à ciência para lançar dúvidas sobre a existência de consenso científico”.
Trata-se de um experimento de persuasão na divulgação científica, que busca prever o nível de adesão e concordância diante de novidades tecnológicas. Os autores sugerem a inclusão, numa comunicação científica, do que chamam de “alerta de politização futura”, ou seja, a inclusão de um alerta que, em outras palavras, prevê ao leitor que, apesar do consenso entre cientistas, outras opiniões poderão utilizar dados diferentes ou relativizar o consenso para defender suas posições. Isto é, propõem que a divulgação científica “alerte” o leitor para o risco do que chama de politização. Como fica muito claro ao longo dos testes, o seu objetivo não é o esclarecimento sobre ciência, mas atingir níveis de concordância dos leitores.
Um outro artigo citado por Fonseca, de autoria de Charles S. Taber, Milton Lodge, chamado Motivated Skepticism in the Evaluation of Political Beliefs (Ceticismo motivado na avaliação de crenças políticas), trata sobre o controle de armas nos EUA e busca claramente um modo de prever como a comunicação sobre o tema poderia gerar menos ceticismo, ou seja, prever e impedir o questionamento. O objetivo é reduzir a polarização e, com isso, colaborar com os debates numa democracia. Para os autores, a ideia de democracia só pode existir se não houver pluralidade de visões e questionamentos, descrenças ou ceticismo. Estes são os estudos que embasam os checadores de todo o mundo.
Por esse motivo, pesquisadores ligados a esses periódicos, estão tão interessados na mudança progressiva dos valores, embora hoje em dia já não se contentam com o ataque aberto a eles como faziam os frankfurtianos ou estruturalistas, mas reveste-se de uma aparência técnica, científica e de defesa da harmonia social.
É a preocupação com a mudança dos valores, portanto, que faz com que um usuário da internet acredite no que os donos do poder político e econômico desejam que lhe pareça inverossímil ou impossível. Como eles dizem, “o foco precisa ser para além da questão factual, pois a tomada de decisões leva em consideração também os valores”. Aqui a admissão do objetivo na tomada de decisões, que certamente vai muito além do voto político. “Daí é central, por exemplo, que a divulgação científica e iniciativas de checagem de notícias abordem tantos os fatos como os valores em sua abordagem”, escreve o autor.
O autor passa a abordar o retorno de uma velha metáfora para o estudo da comunicação, mas o faz com ares de vanguarda. Refere-se à Teoria da Inoculação, trazendo de volta as sempre criticadas metáforas biológicas para se referir à comunicação. No meio acadêmico, fala-se na Teoria da Agulha Hipodérmica como um fruto do positivismo e do funcionalismo. De qualquer forma, o trecho a seguir entrega a função transformadora com a qual os novos engenheiros sociais se mostram mais próximos dos seus antepassados quanto gostariam de admitir.
A fundamentação para essa perspectiva tem sido forjada a partir do trabalho de McGuire, psicólogo responsável pela Teoria da Inoculação. Basicamente temos o uso na psicologia de conceitos e valores da biologia relacionados à vacinação. A exposição preventiva a pequenas doses de desinformação seria suficiente para promover uma imunidade e daí a proposta desses autores passa pelo desenvolvimento de ações educativas, que podem ser realizadas tanto por meio de cursos formais, como também pela disponibilização de jogos eletrônicos. Ações que, inclusive, poderiam acabar estabelecendo com o tempo uma espécie de “imunidade de rebanho” contra a desinformação na sociedade.
Estaria o campo da comunicação retrocedendo a um determinismo biológico da Agulha Hipodérmica? Pior do que isso: os autores sugerem espécie de “campos de reeducação midiática”? Na verdade, como vimos em outro momento, o Supremo Tribunal Federal brasileiro muito provavelmente está mais antenado nessa literatura da engenharia psicológica do que se esperaria de uma instituição que devia tão somente zelar pelo cumprimento da Constituição. A “educação midiática” visa, na verdade, treinar a mente humana para criar “defesas” contra certas crenças. Isso só pode ser feito minando certas lealdades, como a nacional, religiosa e consequentemente política. De certa forma, um exemplo disso já foi iniciado com a Escola de Frankfurt, que passou a desconstruir os valores morais para, em dado momento, tornar crível o avanço do secularismo numa sociedade já muito pouco leal às suas tradições. O relativismo cria exatamente este tipo de “deslealdade”. O passo seguinte seria dar uma outra interpretação e definição à ideia de veracidade, por meio de novas lealdades que reponham o déficit de credibilidade experimentado por instituições como o jornalismo na democracia.
Como se sabe, as metáforas biológicas, assim como as tecnológicas, quando aplicadas às ciências sociais, representam um reducionismo perigoso. Afinal, diferente das ciências naturais ou da tecnologia, a sociedade é composta por indivíduos que são dotados de liberdade, direitos e deveres, além de uma irredutibilidade essencial que a chamada “ciência pura” jamais daria conta. Não é preciso insistir muito para estabelecer a distinção fundamental entre entes biológicos, elementos tecnológicos e materiais e indivíduos humanos. No entanto, quando utilizadas, essas metáforas dão uma sensação de exatidão e de controle. Na verdade, o seu uso é uma evidência muito clara do desejo inconfessado de controle.
Para justificar o tão necessário ataque ao conservadorismo, o autor se vale de ninguém menos que Paulo Freire, o patrono da educação brasileira (ou o patrono do analfabetismo funcional, diríamos).
O educador brasileiro Paulo Freire nos oferece o par dialético anúncio-denúncia, indicando que este ocupa importante tarefa no processo educativo. A denúncia da estrutura desumanizante, de processos que são contra a vida não poderia ser feita sem a prática e o desenvolvimento de anúncios que visam a transformação dessa mesma vida. É preciso salientar que o que se estabelece atualmente, envolvendo tanto a divulgação científica como as notícias de um modo geral, é uma discussão de valores que reúne tanto a defesa do altruísmo, como também elementos relacionados à uma abertura à mudança e à novidade em oposição aos conservadorismos.
Novamente, o conservadorismo é o problema. Neste caso, há o sentido de ceticismo com novidades científicas e tecnológicas, o que representaria ainda uma ameaça ao avanço das mesmas e, consequentemente, ao progresso da humanidade. Novamente, aqui, vemos a predominância de um único ponto de vista como sendo o verdadeiro e legítimo, em detrimento específico de qualquer tipo de questionamento. O artigo encerra conclamando os checadores a serem “proféticos” e anteciparem a contrariedade das verdades que se acredita necessárias ao progresso humano, sendo logicamente a pluralidade de vozes e a liberdade de expressão óbvios obstáculos à visão destes pesquisadores sobre o que chamam de democracia.