A segunda edição do estudo intitulado Ponto de Inflexão, do Sembra Media, organização “sem fins lucrativos” dedicada a monitorar o financiamento e atividade do chamado “jornalismo independente”, mostrou que mais da metade do conteúdo dessas ONGs foi republicada por jornais tradicionais. O estudo pode ser lido na íntegra aqui.
O estudo é financiado pelas mesmas fontes de recursos que mantém centenas de ONGs jornalísticas, como a Luminate, Pierre Omydiar Network, CIMA e o SembraMedia.
Cerca de 40% dos recursos dessas entidades provém de entidades filantrópicas, fundações internacionais conhecidas por bancar causas progressistas em atividade ao redor do mundo. O estudo mostrou que essas entidades possuem uma variedade de mais de 30 fontes de receita, incluindo doações de leitores. No entanto, a grande maioria se divide entre o serviço de assessoria de imprensa (10%) e as subvenções de organismos internacionais (40%). A receita proveniente de doação de leitores foi de menos de 5%.
A fonte de receita dessas entidades demonstrou, mais uma vez, a inexistência de um modelo de negócio para um jornalismo verdadeiramente independente, restando o apadrinhamento ideológico e filantrópico como principal meio de subsistência dessa atividade que inclui entre os seus serviços o “advocacy” midiático.
Além disso, outro dado importante que se mantém nos dois últimos relatórios é o impacto e influência social dessas organizações jornalísticas em meio à grande mídia, razão principal para a qual recebem incentivo internacional: no primeiro relatório, de 2017, a porcentagem de republicação do seu conteúdo na grande mídia foi de 66%; no relatório mais recente, de 2021, a taxa chegou a 72%.
Essa influência acaba afetando outros setores da opinião pública, produzindo a sensação de consenso sobre determinados temas e impulsionando, além disso, o ativismo judicial cada vez mais dependente de manchetes de jornais.
Ao contrário de setores comerciais, que incluem o jornalismo tradicional devido às demandas usuais em grandes empresas, o setor do chamado “jornalismo independente” demonstrou crescimento no período da pandemia.
Os pesquisadores realizaram entrevistas com líderes de 201 organizações de mídia em 12 países. O resumo da metodologia utilizada por ser lido aqui.
O setor tem sido responsável por reinventar o jornalismo, transformando-o numa “libertação” para ativistas das redações que tinham que lidar com o código de ética jornalística que os obrigava a buscar imparcialidade. Com as subvenções de grandes fundações para o ativismo, os militantes puderam sair das redações. Este é o sentido do termo “jornalismo independente”, que não deve ser confundido com imparcialidade.