Renata Côrtes Diniz
Embora os defensores do aborto muitas vezes afirmem que o movimento pró-vida não se importa com a vida das mulheres, a verdade é que um grande número de pró-vidas se concentram em proteger os que estão entre os mais vulneráveis da sociedade, do útero ao túmulo. Não importa se a pessoa em questão é um bebê prematuro com nove semanas de gestação, uma mulher jovem ou um homem de 90 anos chegando ao fim de sua vida. Todos os seres humanos são iguais em valor e dignidade inerentes.
Infelizmente, o utilitarismo – corrente segundo a qual as ações humanas devem ser julgadas em relação aos outros e não a princípios morais – ainda consegue seus adeptos e quando uma pessoa “não produz algo de útil”, ela perde seu valor para a sociedade. Os argumentos parecem piedosos, pois sempre ressaltam o que seria “melhor” para a pessoa morrer, pois não tem ou não terá uma “vida digna”. Na França, “A Association pour la prévention de l’enfance handicapée (APEH) apresentou uma proposta de lei na qual” o artigo primeiro considera que o médico “não cometerá nem crime nem delito se se abster de administrar a um recém-nascido de três dias os cuidados necessários à sua sobrevivência quando a criança apresentar uma enfermidade incurável, tal que faça prever que jamais poderá ter uma vida digna de ser vivida”.
Tanto os adeptos do suicídio assistido quanto da indústria do aborto, querem permitir que não seja necessário um diploma em medicina para realizar procedimentos médicos, no caso do aborto, cirurgias.
A Planned Parenthood há muito tempo vem brigando com a justiça para que enfermeiras e assistentes possam realizar os abortos sem a presença de um médico. Em 2017 a Planned Parenthood e a ACLU (União Americana pela Liberdade Civil) processaram o Estado do Maine, pois acreditavam (e ainda acreditam) que exigir que um médico seja o responsável pelo aborto é uma “restrição” que é “medicamente injustificada”, porque iria, de acordo com a ACLU, “impedir enfermeiras obstétricas” de cometer o procedimento.
A principal objeção do grupo parece ser que esta lei restringiria o acesso ao aborto em grande medida. Ou seja, querem fazer mais abortos do que já fazem atualmente. É incrível ver militantes abortistas, que gritam aos quatro ventos que mulheres morrem por fazer aborto em clínicas clandestinas lutarem tanto para que o aborto não precise de um médico para ser realizado.
Muitos médicos ainda defendem a vida
Um grande obstáculo para essa indústria da morte é a objeção de consciência, pois muitos médicos ainda se recusam a realizar o procedimento. Na Nova Zelândia por exemplo, que legalizou o aborto em março de 2020, existe uma dificuldade de encontrar médicos dispostos a fazer abortos tardios agora que eles são permitidos. Lembrando que o termo correto para o aborto tardio é feticídio.
Mas a Nova Zelândia não se tornou um país perigoso somente para bebês que ainda não nasceram, pois em novembro de 2020 foi legalizada a eutanásia, mesmo com forte oposição de pessoas com doenças terminais afirmando que vale a pena viver.
Mesmo nos EUA, muitos estudantes de medicina se recusam a aprender os procedimentos para realizar um aborto e sabem que se o fizerem não serão respeitados pela comunidade médica. Geralmente, os “médicos” que fazem os abortos são homens com mais de 30 anos de carreira que viajam pelo país. Então com a falta de médicos dispostos a cometer abortos, se fosse permitido que enfermeiras e assistentes realizassem o procedimento, o problema da indústria do aborto estaria resolvido. Pode ser por isso que o lobby do suicídio assistido esteja investindo no mesmo caminho.
Nos EUA, já existem projetos para que enfermeiros possam realizar o suicídio assistido, sendo que normalmente é necessário a opinião de dois médicos para realizar tal procedimento. Não pense que o Brasil está em um caminho completamente diferente. Em 2017, o Conselho Federal de Medicina determinou que não é somente um neurologista quem pode determinar morte encefálica. O estímulo para a morte.
A dependência do bebê que ainda não nasceu em relação ao corpo de sua mãe é um dos argumentos falaciosos que desumanizam o ser humano no seu estágio mais indefeso. Sendo assim, a dependência de uma pessoa idosa ou com uma doença terminal, segundo essa militância, faz com que a vida humana também perca o valor, porque além de não produzir mais nada, ainda gera despesas.
A indústria do aborto se aproveita de mulheres muitas vezes em situações de desespero, empurrando-as para o aborto. O suicídio assistido também vai se aproveitar de pessoas vulneráveis e com pouca esperança. Mas a verdade é que as pessoas procuram o suicídio assistido porque estão deprimidas, sem esperança, sem apoio e com medo de ser um fardo e não por conta da dor causada por alguma doença.
Além disso, a ideia do suicídio assistido não “seduz” apenas idosos ou doentes terminais. Em 2019, uma jovem de 25 anos, com depressão, suicidou-se após o incentivo de um fórum que incentivava abertamente o suicídio assistido. Ninguém no fórum a incentivou a procurar ajuda.
Mesmo que o principal argumento para o suicídio assistido, segundo os militantes, seja aliviar a dor e o sofrimento das pessoas com doença terminal, as doenças terminais podem variar de coisas como câncer e doenças do fígado a demência e fibrose cística. Pessoas com diagnóstico de fibrose cística podem viver até 30 anos com essa condição, mas ainda é considerada uma “doença terminal”, porque, eventualmente, causará a morte.
Outro problema causado pelo aborto e o suicídio assistido é a falta de interesse dos cientistas em aprimorar a cura ou soluções paliativas para doenças graves, buscar novos métodos, ou seja, a inovação científica para salvar vidas perderá seu estímulo, afinal a morte é “mais simples”. Essa indústria parece querer fechar um ciclo de destruição. Estimulam as mulheres à libertinagem, assassinam seus filhos ainda no ventre e tornam essas mulheres grandes candidatas ao suicídio.
Se o aborto conseguiu ser aceito para um bebê com possível doença incurável, até a simples vontade da mãe, o suicídio assistido tem todas as chances de passar da doença terminal para a precoce vontade de morrer.