Conforme levantamentos realizados, verifica-se que os abortos forçados ocorrem com maior ocorrência nos Estados Unidos, onde a prática é legalizada, embora também ocorram no Brasil. E isso confirma a hipótese que a legalização da prática retira o direito produtivo do universo feminino. O problema dos abortos forçados é admitido inclusive por alguns defensores do aborto, ainda que timidamente[1]. Numa sociedade com mentalidade materialista e utilitarista, onde persiste um pensamento anti-natalista apesar dos baixos índices de fecundidade já virem gerando problemas econômicos para muitos países, é comum que um amigo ou familiar proponha o aborto a terceiros, quando julga que a gestação é inoportuna. Nesse contexto, quanto mais fácil o acesso, pior para a mulher que deseja seguir a gestação e é pressionada a abortar. Se esse problema já é bastante grave nos EUA e outros países democráticos, mas com aborto permissivo, pior ainda é a situação das mulheres que vivem sob regimes ditatoriais.
Na China, estima-se que mais de 400 milhões de abortos tenham sido forçados no país entre os anos de 1979 e 2015, sob o regime comunista, em resposta a política do filho único, que foi extinta em 2015, quando o governo passou a permitir às mulheres terem dois filhos.
Na vigência da lei, houve uma verdadeira caçadas as mulheres grávidas e as levavas a força a hospitais para submetê-las aos abortos forçados. Inclusive existiam médicos que portavam ultrassom portáteis para monitorar ciclos menstruais e garantir que nenhuma mulher estava grávida, segundo o livro ‘Abortos Forçados’.
Abortos forçados e a cultura anti-natalista
O aborto estatal ainda é obrigatório na China quando se trata da etnia uigures.
A China permite que as mulheres tenham entre dois ou três filhos, dependendo da região, mas as uigures são alvo de uma massacrante campanha de controle de natalidade que não é observada entre a etnia Han, que representa 92% da população chinesa. Para impedir que as mulheres uigures ultrapassarem essa cota, as autoridades chinesas as coagem para que se submetam a cirurgias de esterilização e ameaçam interná-las em campos de reeducação se não quiserem abortar. Até mesmo as mulheres que têm menos de dois filhos são forçadas a inserir um DIU (Dispositivo Intrauterino) para não ficarem grávidas, destacou a Gazeta do Povo.
O controle extremo por parte do Partido Comunista Chinês criou uma cultura antinatalista que até hoje adotada o modelo cultural de família de apenas um filho.
O livro ‘Abortos Forçados’, destaca o aborto por seleção do sexo do bebê, onde meninas são frequentemente assassinadas e/ou abandonadas nas ruas e em orfanatos.
Contudo, a legalização do aborto, não aumenta somente os índices de assassinato de bebês por opção própria, mas como desnuda a triste realidade de que muitas mulheres se sentem obrigadas ou realmente são forçadas, por meio de coação física e psicológica, a realizar a prática.
Há incontáveis casos de mulheres que abortam por pressão estatal e pressão externas.
Destaco aqui, dois casos citados na obra:
1-) Em caso documentado pelo site ‘Live Action’, em que um ator foi até a clínica de abortos Planned Parenthood em Perth Amboy, em janeiro de 2011, questionou a atendente sobre como proceder para que meninas de sua equipe, estrangeiras que não falavam inglês, fizessem abortos, sendo que tinham entre 14 e 15 anos de idade. A atendente esclareceu que se fosse alegado pelo intérprete da garota que o pai da criança que a garota estava gestando era menor de idade, não haveria problema para realizar o aborto.
2-) Trabalhadores do Samur (Serviço de Assistência Social em Madri), na Espanha, estavam pressionando uma mulher a abortar. A mulher, de origem peruana, havia chegado à Espanha fazia quatro meses. Sem trabalho e sem ter como custear moradia, ela foi morar na rua. Ao visitar a sede de serviço de assistência social Samur, ela foi atendida e, sentindo-se fraca, após um desmaio, foi levada pelos assistentes sociais a um hospital, onde se confirmou a gravidez. Segunda a imigrante, os assistentes sociais, disseram: “Se você abortar, nós te mandaremos para um abrigo. Se você não abortar, terá que ir embora”. Mesmo ela se negando a abortar, os assistentes a levaram em clínicas de aborto contra a sua vontade. A imigrante só conseguiu escapar do aborto porque encontrou ajuda na ONG Fundación Madrina. A fundação a acolheu e ela conseguiu dar à luz aos gêmeos em segurança. A ONG atende inúmeras mulheres que são vítimas da coação da SAMUR para abortar.
Para conhecer o livro, clique aqui
*Com informações do livro “Abortos Forçados”, da editora Estudos Nacionais.
[1] https://theconversation.com/how-forced-pregnancies-and-abortions-deny-women-control-over-their-own-bodies-96982