A pesquisa por trás da manchete da Veja de janeiro de 2020, “95% de quem aborta não se arrepende, aponta levantamento“, apresenta claro conflito de interesses e vieses. Além disso, traz consigo implícita uma lógica radicalmente pró-aborto que ignora o bebê por nascer, vítima fatal de cada aborto, e assim tenta justificar que diante da suposta ausência de arrependimento de boa parte dos homicidas, o crime se justifica.
Evidente conflito de interesses
Todos os quatro autores da pesquisa trabalham no Bixby Center, um centro de pesquisa parceiro de duas maiores clínicas de aborto do mundo (IPPF e Marie Stopes). Também tem parceria com o Bixby Center o Instituto Guttmacher, Conselho Populacional, ONG Ipas, Gynuity Health Project (parceiro de site que vende pílula abortiva ilegal no Brasil), entre outros símbolos da indústria do aborto.
A realização da pesquisa propriamente, conforme informações da publicação, se deu graças ao apoio específico das fundações globalistas Wallace Alexander G. Foundation, The David and Lucile Packard Foundation, The William and Flora Hewlett Foundation, além de “uma fundação anônima”.
Viés na pesquisa
Os autores descrevem na publicação que apenas 37% das mulheres aptas para participação na pesquisa concordaram em participar das entrevistas ao longo do período analisado.
- Por que será que quase 70% se recusou a falar sobre seus sentimentos acerca do aborto?
- Não estaria justamente nesse grupo as mulheres com sentimento de culpa e problemas psicológicos persistentes?
É amplamente conhecido que a evasão e fuga do assunto são sintomas de estresse, depressão e emoções negativas de um trauma. Se os quase 70% de mulheres que se recusaram a participar da pesquisa forem justamente as que sofrem um maior grau de arrependimento pós-aborto, o resultado da pesquisa passa a não refletir a realidade, podendo, na verdade, refletir o inverso. Além disso, a pesquisa não apresenta os dados brutos das respostas das mulheres que participaram das entrevistas, mas apenas índices e estatísticas criadas a partir de escalas que representam o grau de satisfação, culpa ou tristeza. Tudo foi tratado previamente pelos autores. Se já é um grande desafio para qualquer pesquisa transformar em escalas numéricas questões tão subjetivas como a emoção após uma experiência como essa, o dado fica ainda menos confiável quando não se apresenta dados brutos e tudo é tratado ocultamente por pesquisadores que usam de suas pesquisas para defender interesses de clínicas de abortos e fundações globalistas.
Embora a revista Veja pareça fazer questão de não dar muitos detalhes da pesquisa, trata-se da referência abaixo:
Emotions and decision rightness over five years following an abortion: An examination of decision difficulty and abortion stigma. Social Science & Medicine. Available online 13 January 2020, 112704