“Sem útero, sem opinião!” Esta é apenas uma das respostas dadas por partidários da legalização do aborto quando um homem apresenta objeções contra a a ideias que visam legalizar o aborto. Por outro lado, todo argumento favorável à legalização, advindo de homens, é bem recebido. Mas o pior é que por vezes, alguns homens aceitam essa objeção e auto censuram-se, abdicando de sua liberdade de expressão e direito civil.
História real: Pedro (nome fictício para preservar identidade) engravidou uma moça com a qual se relacionou. O casal havia terminado o namoro quando a moça já estava grávida fazia um mês, mas ela não tinha contado da gravidez para Pedro. Quando chegou no sexto mês de gestação, ela resolveu contar a ele sobre a gravidez. Pedro assumiu o bebê. Após o nascimento, ao ver o bebê, reataram o namoro e foram morar juntos, para formar uma família. Estavam juntos e a criança já tinha 6 anos de idade, quando foi diagnosticada com autismo. Só então, foi que a mãe contou para Pedro, que no início da gravidez, havia tentado um aborto. Tratava-se de uma gestação de gêmeos e um deles foi abortado, restando o outro, que agora manifesta sequela do procedimento. A provável relação entre a tentativa de aborto e o autismo dessa criança foi confirmada por um neuro-pediatra com especialidade no tema, que isolou outros possíveis fatores de risco no caso específico, restando como causa mais provável, a tentativa de aborto.
O que mais dói em Pedro não é a sequela que tem o seu filho autista, pois este nasceu e é amado. O que mais dói nele é ter perdido o outro filho, o filho que foi morto. Ao saber disso, apenas 6 anos depois, tornou-se impossível manter o relacionamento entre Pedro e a mãe de seu filho, então se separaram. Pedro entrou em fortíssima depressão e revolta e chegou a usar drogas (algo que nunca havia feito). Foram mais de três anos de sofrimento profundo. Sua condição psicológica tornou-se tão severa que, por duas vezes, tentou suicídio por envenenamento. Pedro ainda tem muita dificuldade para falar desse assunto. A mãe também vive com remorso e profundo sofrimento, pelo que fez. Também por isso, ela deixou de ser feminista, pois sentiu na pele o reflexo da ideologia que lhe fez pensar que o aborto seria uma solução.
Leia também: Mulheres favoráveis ao aborto têm 6 a 28 vezes mais chance de abortar (revela pesquisa de autora pró-escolha)
Muitos homens sofrem sequelas de abortos
Essa é uma das muitas histórias verídicas que ilustram o quão importante é, o papel do homem, no debate sobre o aborto. Algo que a cantilena militante busca desconsiderar, pregando uma falsa igualdade entre gêneros, enquanto tentam retirar o direito dos homens de se manifestarem sobre um determinado assunto, exatamente por conta do seu gênero masculino.
O fato é que, o fruto da uma gestação, custodiado por nove meses no corpo da mãe, é um ser humano que tem um pai e uma mãe. Cada ser humano [em gestação ou não], é um ser de nossa espécie e uma pessoa digna de respeito, dignidade e direitos. Cabe a todos nós, buscar dar a estes, a proteção. Realidades como de mães que vivem situações difíceis, e de homens que abandonam mulheres grávidas sem dar-lhes suporte, são problemas graves que a sociedade deve buscar resolver com esforço e cooperação de todos, sem “discriminação de gênero” e sem atentar contra o direito à vida do bebê que espera nascer. Matar nunca é a solução.
Em um artigo acadêmico publicado na Revista Brasileira de Enfermagem alguns relatos ilustram o reflexo do aborto na vida de homens, que podem participar ou não da decisão de por fim a vida de seu filho em fase gestacional:
“Quando ela me contou que tinha feito o aborto fiquei muito triste e me senti um pouco culpado, porque tinha uma criança ali com ela, que hoje seria uma vida, um filho nosso. Eu me sinto arrependido por isso” (10)
“No momento, após o aborto, ficamos chateados, deu uma certa tristeza. Porque, na realidade, ninguém quer fazer um aborto, nós mesmos, não queríamos fazer, fomos obrigados pelo aspecto financeiro” (12)
“E, o que eu mais senti, foi arrependimento, eu fiquei muito chateado, pelo que aconteceu não ser uma coisa certa. Eu jamais permitiria que isso acontecesse de novo” (10)
“A sensação que eu tive logo depois do aborto, foi de alívio e, ao mesmo tempo, de culpa, por ter matado um ser humano” (11)
“Como seria ele hoje? Ele estaria com 17 anos. Arrependo-me muito, fico comparando os meus filhos hoje com aquele que nós fizemos mal” (13)
“O que aconteceu, o que eu fiz, me magoou muito. Às vezes, acho que mais a mim do que a ela” (10)
“Porque quando você não quer fazer isso, e acontece esse tipo de coisa magoa bastante, quer dizer, quando você olha pra pessoa, isso vem à tona, você lembra de tudo. É uma coisa assim, que se eu a vê, tanto que quando eu toco nesse assunto, parece que estou vivendo o momento tudo de novo, apesar de já ter passado tanto tempo” (15)
“Esse aborto interferiu no nosso relacionamento, porque nos abalou muito. Ela perdeu a confiança em mim e com essa perda de confiança, eu me desanimei também e isso estragou o nosso relacionamento” (11)
“Hoje quando eu paro e penso, é um passado que eu prefiro não mexer, eu preferiria apagar, mas é uma coisa que você não esquece, porque é uma coisa muito marcante” (15)
Existem inúmeros outros motivos que podemos apresentar para demonstrar que todo homem deve ter opinião igualmente válida neste debate. Sugiro a leitura dos três artigos abaixo:
1) Trauma pós-aborto em homens: um sofrimento silencioso
2) Pai consegue impedir judicialmente aborto do filho no Uruguai
3) Livro defende direito de rejeitar paternidade onde aborto é legalizado